quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tabagismo como problema de saúde.

BRATS
Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde.

desde tempos imemoriais. Os europeus disseminaram o uso do tabaco fumado (cachimbos, charutos, cigarrilhas, cigarros) e não-fumado (aspirado - rapé e mascado - fumo-de-rolo) por todos os continentes antes do final do século XVII, por razões econômicas e pelo caráter aditivo do consumo deste produto vegetal1.
No final do século XIX, o mercado de cigarros era pequeno, em razão de seu alto preço, pois sua fabricação era manual. O aperfeiçoamento das máquinas de fabricação de cigarros no início do século XX tornou-os baratos e acessíveis2. O consumo de cigarros se expandiu desde este período, porém com mais intensidade a partir da década de 50, quando as técnicas de publicidade se desenvolveram mais amplamente3.
As sofisticadas estratégias de marketing das grandes companhias transnacionais de tabaco criaram, por meio da associação do hábito de fumar com sucesso, luxo, juventude e até saúde, uma aceitação social do hábito de fumar e um contexto favorável à expansão do consumo dos produtos de tabaco4. A relevância dessas estratégias de marketing na promoção da expansão do consumo de tabaco em escala mundial fez a Organização Mundial da Saúde - OMS considerar o tabagismo uma doença transmissível pela publicidade5,6.
A diminuição do consumo de tabaco, sobretudo de cigarros, nos países desenvolvidos, em razão da adoção de políticas de controle do tabagismo, tem provocado um deslocamento da atuação das grandes companhias transnacionais de tabaco em direção aos países pobres e em desenvolvimento7. Em consequência, o consumo global de produtos do tabaco aumentou cerca de 50% durante o período de 1975 a 1996, às custas do crescimento do consumo em países em desenvolvimento, como China - 8%, Indonésia - 6,8%, Síria - 5,5%, e Bangladesh - 4,7%4.
Há fortes evidências de que o tabagismo é um significativo fator de risco para quase 50 doenças diferentes, destacando-se as cardiovasculares, o câncer e a doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC1,8. Estima-se que 45% das mortes por doença coronariana, 85% por DPOC, 25% por doença cerebrovascular e 30% por câncer podem ser atribuídas ao tabaco8. No estudo de coorte da Sociedade Americana de Câncer, Cancer Prevention Study II (CPS-II), observou-se um risco de morte prematura por qualquer causa entre os fumantes 2,3 vezes maior do que entre os não fumantes. Neste mesmo estudo, demonstrou-se um risco relativo de morte entre fumantes em comparação a não fumantes de 1,9 para doença isquêmica do coração, 1,9 para doença cerebrovascular, 23,2 para câncer de pulmão e 11,7 para DPOC9. Resultados semelhantes foram observados em um estudo de coorte de médicos britânicos seguidos por 50 anos10.
Lickint (apud Baldisserotto, 2007)2, na Alemanha, foi o primeiro a demonstrar, em 1929, uma associação estatisticamente significativa entre câncer de pulmão e tabagismo, com base em uma série de casos. Estudos de caso-controle realizados na década de 1950 demonstraram conclusivamente uma relação causal entre o fumo e o câncer de pulmão (Doll e Hill, 1950; Levin, et al., 1950; Schrek, et al., 1950; Wynder e Graham, 1950; apud Figueiredo, 2007)3. Além do câncer de pulmão, há evidências suficientes para inferir uma relação causal entre o fumo e os seguintes tipos de câncer: boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, bexiga, rim, colo do útero e leucemia mielóide aguda11.
A exposição involuntária de indivíduos não fumantes à fumaça do tabaco em ambientes fechados – tabagismo passivo - causa doenças e mortes prematuras em adultos e crianças. O tabagismo passivo está associado a uma incidência aumentada de câncer de pulmão e de doença arterial coronariana em adultos, e transtornos respiratórios
em crianças1,3,12. A exposição fetal passiva pode resultar em parto prematuro e baixo peso ao nascimento, além de aumentar o risco de síndrome da morte súbita na infância11,12. Crianças que convivem com pais fumantes ou que estão expostas à fumaça ambiental do tabaco apresentam um risco aumentado de exacerbação de episódios de asma, infecções respiratórias agudas e afecções do ouvido médio12.
O conhecimento da nicotina como substância aditiva, com efeitos típicos das drogas causadoras de dependência, como tolerância, fissura e sintomas de abstinência, foi fundamental para a compreensão dos motivos da rápida expansão do uso do tabaco e das dificuldades enfrentadas pelos que desejam parar de fumar13. A OMS classifica o tabagismo entre os transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas14.
O hábito de fumar tabaco tende a se estabelecer durante a adolescência. A maioria dos fumantes inicia o consumo de cigarros antes dos dezenove anos. Nos países em desenvolvimento, a idade de início deste hábito tende a ser ainda menor, ocorrendo em torno dos doze anos15,1.
BRATS Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde 3
Fatores sócio-culturais, sócio-demográficos, comportamentais e pessoais estão associados ao início e à manutenção do uso do tabaco. Entre os principais fatores sócio-culturais, que aumentam o risco dos adolescentes
tornarem-se fumantes, estão a acessibilidade, a exposição à propaganda e à mídia a favor do tabaco, o tabagismo dos pais, irmãos e amigos. Entre os fatores sócio-demográficos estão o baixo nível sócio-econômico e morar somente com um dos pais. Os principais fatores comportamentais associados ao tabagismo são o baixo desempenho acadêmico, a propensão a comportamentos de risco, outros problemas comportamentais, a falta de capacidade para resistir à influência para fumar, a intenção de fumar e experimentação; enquanto os principais fatores pessoais recaem na baixa percepção de risco, na baixa autoimagem, na baixa autoeficácia e na depressão15.
Apesar da difusão dos conhecimentos sobre os danos à saúde e do risco à vida associados ao tabagismo, a cessação do tabagismo continua como uma decisão difícil para muitos indivíduos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD - referiu que 45,6% dos fumantes tentaram parar de fumar nos doze meses anteriores à data da entrevista, na população de quinze anos de idade ou mais16. Inquérito conduzido nos Estados Unidos da América (EUA) mostrou um percentual bastante semelhante de tentativa para parar de fumar entre os fumantes diários (46,4%), mas indicou que somente 13,8% deste grupo (5,7% de todos os fumantes) mantiveram a cessação do hábito por pelo menos um mês17.
A cessação do tabagismo reduz consideravelmente o risco de adoecimento e de morte precoce, mesmo em idades avançadas. Uma revisão de estudos com desenhos diversos acerca dos benefícios da cessação do tabagismo, realizada nos EUA, mostrou que indivíduos que pararam de fumar antes dos 50 anos apresentaram uma redução de 50% no risco de morte por todas as causas nos 16 anos subseqüentes, ocorrendo uma equiparação com a mortalidade de não fumantes aos 64 anos18. Doll et al. (2004)10, em um estudo de coorte de médicos britânicos, demonstraram que parar de fumar com aproximadamente 60, 50 e 40 anos, e antes da meia-idade, representou um ganho de cerca de 3, 6, 9 e 10 anos de expectativa de vida, respectivamente.
Várias estratégias de cunho populacional podem ser utilizadas para estimular a prevenção da iniciação e para a cessação do tabagismo. Dentre estas se destacam as ações de comunicação social, utilização da mídia, campanhas e programas de educação em saúde, ações legislativas e econômicas. Dentre as ações direcionadas ao auxílio individual para a cessação do tabagismo, estão incluídas as estratégias voltadas para o tratamento clínico do paciente, como o aconselhamento profissional e a farmacoterapia.
Este boletim tem como objetivo responder às seguintes questões relacionadas ao tratamento clínico para cessação do tabagismo: 1) Existe diferença de eficácia na cessação do tabagismo entre o tratamento combinado aconselhamento + farmacoterapia em relação ao tratamento com farmacoterapia isolado? 2) Existe diferença de eficácia na cessação do tabagismo entre o tratamento combinado aconselhamento + farmacoterapia em relação ao aconselhamento isolado?

O Boletim BRATS Edição Nº 12 pode ser acessado através do link: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/024c1d80430b6cdfa54cb7536d6308db/brats+12.pdf?mod=ajperes



Anvisa apreende produtos de farmacêuticas no País

por Saúde Business Web

28/07/2010

Presenius Kabi Deutschland GMBH; Niely do Brasil; J M Comércio de Produtos e Limpeza e Engimplan foram as empresas punidas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) instituiu na última segunda-feira (26) medidas suspensivas para produtos e medicamentos em situação ilegal. As farmacêuticas punidas pelo órgão regulador foram: Presenius Kabi Deutschland GMBH, com filial no Brasil; Niely do Brasil; J M Comércio de Produtos e Limpeza e Engimplan, com sede em São Paulo.

Uma série de produtos foram suspensos. Um deles foi o Bircabonato de Sódio (RE 3.495/2010), produzido pela empresa alemã Presenius Kabi Deutschland GMBH. Foram encontradas irregularidades durante inspeção na fábrica da empresa.

O produto Coloração Creme Cor & Ton com Queratina Silicone e Filtro UV/Castanho Claro Acobreado, da marca Niely, teve sua fabricação, distribuição comércio e uso suspensos (RE 3.498/2010) após a data de 24/07/2006.

Também não podem ser comercializados os saneantes domissanitarios fabricados pela empresa J M Comércio de Produtos e Limpeza, de Santa Catarina (RE 3.496/2010). Os produtos não possuem registro na Anvisa.

A mesma medida se aplicou ao Haste para Gancho DTT Transversa ( lotes 048918 e A53049-0) e Haste Intramedular Femoral Bloqueada (lote A56372-0), fabricado em junho de 2009 (RE 3.500/2010). A empresa Engimplan é a responsável pela fabricação. Segundo a Anvisa, os produtos estão sendo comercializados com matéria prima diferente da que consta no processo de registro.

Na categoria de medicamentos, foram apreendidos e inutilizados os medicamentos Cialis (lote A202971 - RE 3.497/2010) e Viagra (lote 80483004/F - RE 3.499/2010), por terem sidos objetos de falsificação. Ambos são indicados para tratamento de disfunção erétil.


Suspensão

A suspensão de um ou de todos os lotes de determinado produto é definitiva e tem validade imediata, após a divulgação da medida no Diário Oficial (26/07). Segundo ANS, o recolhimento é de responsabilidade do fabricante

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Seja voluntário da Operação Reconstrução.


A notícia já foi divulgada várias vezes em variados meios de comunicação. Mas quando o assunto é solidariedade, nunca é demais repetir uma iformação. Assim, o Blog Viva Pernambuco replica o chamado o Governo de Pernambuco para trabalho voluntário na Operação Reconstrução, que ajuda as vítimas das enchentes no Estado.

Os interessados em fazer parte da ação Operação Reconstrução pode se inscrever no www.sigas.pe.gov.br. As pessoas cadastradas poderão prestar trabalho voluntário como: apoio administrativo, digitador, merendeiros, cuidador de idosos e crianças, recreadores, auxiliares de cozinha e serviços gerais, nos abrigos dos municípios atingidos.

Essa é uma ação realizada pelo Governo reunindo 15 secretarias para atender famílias de 70 municípios pernambucanos desabrigadas, desalojadas, sem energia e sem água por conta das enchentes. Atualmente, são 12 municípios em situação de calamidade e 27 em situação de emergência.

Os voluntários vão trabalhar 8h por dia, uma vez por semana, até a primeira quinzena de setembro. Quem se cadastrar deverá procurar a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos para assinar um termo de adesão e receber um treinamento e uma cartilha. No final desse trabalho os participantes irão receber um certificado de participação.

As pessoas vão trabalhar nos abrigos montados em Água Preta, Barra de Guabiraba, Barreiros, Correntes, Côrtes, jaqueira, Palmares, São Benedito do Sul, Vitória de Santo Antão, Primavera, Maraial e Catende, os munícipios que estão em situação de calamidade pública.

Todos aqueles que podem devem doar um pouco de si, para ajudar nossos irmãos vitímados pelas fortes chuvas, executando diversas tarefas para levar um pouco de conforto e amparo aos desabrigados, eu já estou indo e você?


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Procedimento de Cirurgia Plástica de baixo custo pode custar caro

A maioria das pacientes de uma cirurgia plástica se preocupa sempre com preço, às vees com expertise do médico e quase nunca com a anestesia. Se o que determina o sucesso do procedimento do ponto de vista estático é a habilidade do cirurgião, cabe ao anestesista - ou anestesiologista, como eles preferem ser chamados - a tarefa mais importante: faer com que a paciente saia, além de mais bonita, livre de traumas que poderão ser causados no procedimento de clinica anetésica.



"Um minuto sem osigênio pode significar uma lesão cerebral. o anestesiologista precisa ser bom", diz Irimar de paula Posso 67 anos, professor de anestesia da Faculdade de medicina da Universidade de São paulo (USP).



Uma das formas que o mercado usa para enxugar o custo é eliminar etapas importantes da avaliação médica, como a consulta com o anestesista, profissional que o paciente normalmente encontra só na mesa de cirurgia. "Estou cansada de ouvir casos de pacientes que morrem na mesa de operação. Toda cirurgia tem um risco, mas quando o procedimento é muito barato, alguma coisa foi deixada de lado", diz Posso.

Quando não existe uma consulta, as doses dos anestésicos são calculadas de acordo com as características da média da população brasileira. "Mas as pessoas são diferentes. Sabendo meias sobre o paciente, o médico pode fazer combinados personalizados que aumentem o bem-estar e diminuam os efeitos colaterais das drogas", acrescenta.






Outra estratégia para diminuir o preço da cirurgia é acenar com técnicas que parecem ser pouco agressivas. Usar anestesia local para realizar uma lipoaspiração, por exemplo, pode parecer mais simples do que se feita com peridural ou geral. Não é bem assim.



"Quando se fazem procedimentos longos, em áreas extensas do corpo, com anestesia local, podem surgir complicações", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, Carlos Eduardo Lopes Nunes. "Se a cirurgia demora, será preciso reaplicar a anestesia e hacerá risco de intoxicação do paciente".


Natale Gontijo, cirurgiã assistente da equipe de ivo Pitanguy, usa a local para cirurgias de pequeno porte, com menos de uma hora de duração. "Mesmo assim, deve ter um anestesista na sala." Procedimentos cirúrgicos, por mais simples que pareçam, não podem ser realizados em consultórios. "Cirurgia plástica deve ser feita em uma clínica com recursos hospitalares", diz o plástico Luis paulo Barbosa.




PERIDURAL PODE CAUSAR DANOS NEUROLÓGICOS




Além de professor de medicina, Irimar de Paula Posso também é advogado, especialista em defender colegas processados por pacientescom sequelas pós-operatórias. "Tenho três casos em que os pacientes ficaram com problemas de locomoção depois da peridural. Uma ficou paralítica, conta. "Um em cada 15 mil pacientes que recebem peridural pode ter algum tipo de sequela neurológica."

Nos Estados Unidos, usa-se a anestesia geral para turbinar as mamas. "Isso porque os processos médicos são frequentes e caros", relata.

Vaidosa, fazendera Graça lemos de lemos passou há 30 dias por uma troca de prótese de mama. Foi operada com anestesia geral. "Tive uma parada cariorrespiratória quando nesceu meu segundo filho", explica. "Foi horrível. Estva conciente, brigava para respirar, até que apaguei. Acordei com o médico em cima de mim, fazendo massagem cardíaca para me ressuscitar. Desde então, só opero com geral."

A segurança da técnica está no fato de o paceinte já estar intubado. "No casode uma parada cariorrespiratória, ele corre menos risco de ficar sem oxigênio e sofrer alguma lesão cerebral por conta disso", diz o anestesiologista Danilo Petrillo. "Você não perde tempo em intubá-lo."

No Brasil, a maioria das clínicas prefere aplicar a peridural em cirurgias de implante de prótese de mama. Vale destacar que ela é, em média, 40% mais barata que a geral. Mas não é só uma questão de preço. Há médicos que preferem a peridural à geral. É o caso de Barbosa, por exemplo. "Numca tive problemas com a peridural. Além disso, é uma técnica com vantagens. Em procedimentos da cintura para cima, causa menor sangramento que a geral."

Materia Públicada no Caderno de Saúde do JC (04/07/2010). Autores: Karina Toledo e Valéria França.