quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Planos de Saúde apostam em PMEs

O faturamento das pequenas e médias empresas representa 20% do PIB nacional. De olho nesta fatia de mercado, as operadoras enxergam este público de forma promissora e capaz de manter a sustentabilidade do sistema no futuro.


Flávio Bitter, do Bradesco Saúde, diz que o Brasil é o país latino-americano no qual as empresas dão mais benefícios aos funcionários e o plano de saúde é o segundo item mais desejado. 

Responsável por medir as taxas de empreendedorismo mundial, o estudo Global Entrepreneurship destacou que nos últimos anos o brasileiro passou a investir mais na abertura de novos negócios. De acordo com a pesquisa, o Brasil é o terceiro no mundo em números de empresas, atrás apenas da China e Estados Unidos, e ocupa o nono lugar no ranking de localidades com maior número de pessoas que abrem negócios no mundo.

Com 27 milhões de pessoas envolvidas em um negócio próprio, essa realidade aponta que as pequenas e médias empresas (PMEs) vivem um momento de profissionalização e busca pela competitividade e permanência no mercado.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que essas companhias representam em média 20% do PIB brasileiro e são responsáveis por 60% dos 94 milhões de empregos no Brasil. A maior parte dos negócios locais estão na região sudeste, com quase três milhões de empresas e o setor preferencial é o comércio, seguido de serviços, indústria e construção civil.

Desde o início desta década, a participação das PMEs vem obtendo mais destaque. No primeiro semestre de 2010, a receita real registrou um aumento de 10,7% comparado ao mesmo período de 2009. De acordo com o estudo, este indicador aponta que esses empreendimentos superam o ritmo de crescimento da economia brasileira.

Atento ao crescimento e consolidação deste nicho de mercado, o setor suplementar brasileiro vê neste segmento uma rica fatia de consumidores para oferecer planos de saúde. “As empresas estão com foco nesta área e brigando por ela, pois há uma diretriz de que passem a atuar mais com planos empresariais para pequenas e médias empresas. Além disso, os empregadores estão mais interessados em cuidar do bem-estar de seus funcionários”, afirma o sócio gerente da Contatto Consultoria, João Júnior.

Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que os planos coletivos com menos de 30 vidas representam 86,25% dos contratos de planos do País. Somando aproximadamente dois milhões de usuários, o que representa 11,73% do total de beneficiários.

Desde o ano de 2005, a Bradesco Saúde tem se dedicado apenas à comercialização de planos coletivos. “O Brasil é o país latino-americano no qual as empresas oferecem mais benefícios aos funcionários e o plano de saúde é o segundo item mais desejado pelo consumidor brasileiro”, afirma o diretor técnico e operacional da Bradesco Saúde, Flávio Bitter. Fatores como esse foram importantes para que a operadora direcionasse sua atuação para atender às empresas.

A SulAmérica também atuante apenas no nicho empresarial enxerga o ramo de pequenas e médias empresas como um foco de muitas oportunidades. “O número de PMEs aumenta anualmente. Além disso, a preocupação pela retenção de funcionários não está mais condicionada apenas as grandes corporações. E cada vez mais, o plano de saúde torna-se um aliado dessas companhias”, explica o diretor técnico e de produtos da SulAmérica Saúde, Maurício Lopes.

O motivo principal para que as operadoras optem por planos coletivos é o fato de praticamente não haver regras para esta modalidade. De acordo com João Júnior, vale o que estiver no contrato da operadora com a empresa, sindicato, associação ou cooperativa. “O contrato não se submete aos limites de aumento estipulados pela ANS. E os rejustes são estabelecidos por meio de negociação entre as partes, possibilitando que a rescisão do documento seja feita unilateralmente pelas operadoras”.

Ele complementa ao dizer que, em consonância com esta tendência, para os consumidores esses planos também são mais interessantes porque são vendidos por preços mais baixos do que os planos individuais.

Planos corporativos, clientes autônomos:

Em junho de 2012, a carteira de pequenas e médias empresas da Bradesco Saúde (Segmento de Seguro para Pequenos Grupos “SPG” – que compreende de 04 a 99 vidas) atingiu o número de 520 mil vidas. Mostrando um crescimento de 35,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já a SulAmérica, registrou no primeiro trimestre deste ano mais de 280 mil beneficiários de planos de saúde na categoria PME. E alcançou um crescimento de 21,1% no número de beneficiários, em comparação com o primeiro trimestre de 2011. Sozinho este segmento representa 17,3 % dos prêmios de saúde, informa Lopes.
O que tem acontecido, de acordo com João Júnior é que, diante das facilidades apresentadas por estes planos, os profissionais liberais estão optando pelo corporativo ao invés do familiar. “Se ele for comprar um plano familiar vai pagar mais alto que o empresarial. E para a operadora é mais vantajoso oferecer um plano empresarial, uma vez que as pessoas estão vivendo mais e utilizando com mais frequências os serviços de saúde suplementar. Com o passar do tempo, os pacotes familiares vão trazer prejuízos para as empresas de saúde suplementar”.

Com os planos empresariais é mais fácil para as operadoras oferecerem promoção e prevenção de saúde para os beneficiários, pois é possível direcionar os cuidados para um nicho específico dentro de uma companhia. Lopes conta que a SulAmérica possui opções voltadas para o tratamento de doenças crônicas. Ele conta que como as companhia têm o interesse de cuidar da saúde de seus funcionários, a operadora responde a essa demanda elaborando ações para estimular a qualidade de vida destes funcionários.

“No futuro, se compararmos uma operadora A com um milhão de vidas atuando em planos particulares e uma B atuando com um milhão de vidas em planos corporativos, daqui a 15 anos, a A terá problemas de sustentabilidade nos negócios, enquanto a B não, pois tem a possibilidade de fazer mais manobras do que a outra”, conta João Júnior.

O superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Carneiro, completa, ao dizer, que nos planos coletivos empresariais é mais fácil implantar programas como esses, pois são grupos fechados e com menor rotatividade. “Grande parte dos clientes que fazem planos individuais saem no primeiro ano por não utilizarem ou por não conseguirem pagar. Nos planos coletivos, essa desistência é menor”.

Diferencial:

Ainda que o segmento de pequenas e médias empresas tenha começado a crescer no início da década, os planos direcionados para este público existem desde a década de 90, antes mesmo da criação da ANS. No geral, não existem muitas diferenças de benefícios como rede credenciada e facilidades entre estes pacotes e os direcionados para as grandes empresas.

O diretor técnico e de produtos da SulAmérica Saúde afirma que a operadora possui uma rede de reembolso no Brasil e exterior adequada ao plano do contratado, com preços regionalizados. A empresa instituiu esse serviço devido aos diferentes perfis de clientes que possui.

Bitter fala que a Bradesco Saúde oferece a possibilidade de reembolso de procedimentos, reemissão em caso de falecimento do titular e assistência pessoal. Bem como produtos de abrangência nacional e outros com atendimento regionalizado.

Na cola das operadoras:

Com mais de 70% de beneficiários nos planos coletivos, a ANS quer regular os reajustes em planos desse segmento com menos de 30 beneficiários. Por isso, a Agência criou uma proposta para mudar as regras de reajustes destes planos. “O objetivo é fazer com que cada operadora tenha um único percentual de reajuste para toda a sua carteira de planos independente da região”, diz Carneiro. 

Ele alerta para o fato de que essa iniciativa pode engessar o mercado levando a uma desmotivação do setor e possível diminuição dos planos de saúde. Diante desta realidade, o executivo alerta que as operadoras têm de ser transparentes no momento de apresentar o reajuste e explicar o motivo das mudanças nos custos. “Deve-se entregar mais informações para que a empresa se sinta segura e não pense que os planos de saúde são caixas pretas.”

A agência está fazendo uma consulta pública que iniciou no dia 1º de agosto e vai até o dia (30/08), para fixar as regras sobre o cálculo dos reajustes. As sugestões à proposta de Resolução Normativa podem ser encaminhadas por meio do site da ANS.

Carneiro mostra-se preocupado em relação ao futuro das operadoras. E alerta que é preciso que as operadoras incentivem seus funcionários a economizarem enquanto são jovens para ter dinheiro para gastar com saúde no futuro. “A população de idosos mais do que triplica enquanto a de jovens vai diminuir. Esse fenômeno deve ser observado com cuidado”. Ele encerra ao dizer que a melhor forma de se preparar para as próximas décadas é poupar e investir na própria saúde.

PMES EM NÚMEROS:

• Representam cerca de 20% do PIB brasileiro;
• Cerca de 60% dos 94 milhões de empregados  brasileiros trabalham em PMEs;
• Planos coletivos com menos de 30 vidas correspondem à 86,25% dos contratos de planos de saúde no País;
• As PMEs são responsáveis por 520 mil vidas na carteira da Bradesco Saúde;
• na Sul América, as pequenas e micro empresas representam 280 mil beneficiários.

Por Cínthya Dávila para a revista FH

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Lean Healthcare e a Acreditação Hospitalar.

Para consultor, estas ferramentas em conjunto geram valor agregado ao cliente (paciente, médicos, acompanhantes, planos, SUS, comunidade). Além disso provocam a mudança de cultura.

 Muitas vezes os gestores deixam de implantar ferramentas de gestão por vários motivos, sendo o motivo principal o desconhecimento destas ferramentas ou pela soberba de acreditar que podem resolver tudo sozinhos, sem ajuda de nada e de ninguém.

Em outros casos, acontece exatamente o contrário, onde os gestores tendem a absorver qualquer tipo de novidade, entupindo de trabalho os seus colaboradores, muitas vezes fazendo com que a ferramenta implantada seja o fim, o objetivo final, ao invés de encarar que isso seria tão somente o meio de se chegar a uma excelência administrativa.

Com certeza a dose certa é aquela suficiente e necessária (mínimo e máximo) para alcançar os objetivos estratégicos determinados. Nem fazer tudo, nem não fazer nada, nem fazer com que as ferramentas sejam um peso para organização, nem fazer com que as ferramentas entrem em choque de objetivos.

Então, me paro a pensar sobre a implantação do Lean Healthcare em uma organização hospitalar que já possui certificação de acreditação (ou que esteja buscando a certificação) e como estas ferramentas podem ser complementares e não colidentes, permitindo que sejam implantadas em conjunto.

Mas antes de explicar como isso funciona, cabe lembrar que a Acreditação Hospitalar é uma ferramenta excelente de gestão e que o seu objetivo é melhorar a qualidade assistencial, sendo que o certificado de acreditado não é o “tudo”, mas conseqüência deste trabalho. Cabe destacar, ainda, que o Lean Healthcare é a evolução do Lean Manufaturing (Sistema Toyota de Produção ou mentalidade enxuta), sendo adaptado ao setor de saúde, onde se visa fazer mais com menos recursos, eliminado desperdícios, fazendo apenas e tão somente aquilo que realmente agrega valor ao cliente. 

No momento em que ambas as ferramentas estão trabalhando em conjunto, sendo que a Acreditação visa a segurança do paciente e a qualidade assistencial, o Lean Healthcare provoca a pensar como estes processos poderiam ser mais enxutos, sem desperdícios, visando efetivamente a fazer apenas o necessário. Ou seja, a Acreditação determina o mínimo a ser feito e o Lean Healthcare determina o máximo. Em ambas as ferramentas a gestão de processos é fundamental.

Estas ferramentas em conjunto proporcionam que os processos gerem valor agregado ao cliente (paciente, médicos, acompanhantes, planos de saúde, SUS, comunidade). Além disso provocam a mudança de cultura corporativa, fazendo com que esta cultura seja adequada às atividades e para a organização. Isso favorece o ambiente de melhoria contínua, fundamental para as organizações nos dias de hoje. Perceba que as tônicas se baseiam em processos, mudanças e melhorias.

Claro que isso tudo suportado por uma boa (e adequada) grade de indicadores e por muito e muito treinamento.

Ao final desta união, temos a sustentabilidade da organização por um resultado financeiro adequado, lembrando que estamos fazendo o mínimo necessário e o máximo suficiente para atingir os objetivos. Claro que a segurança do paciente está implícita no processo de acreditação. Isso tudo implica em valor ao paciente (o objetivo final de um hospital é a cura). 

Paralelamente, o Lean Healthcare provoca a discussão e os planos de ação visando reduzir e eliminar desperdícios nos processos, bem como a própria definição e a gestão dos processos.

Consequentemente, as pessoas da organização estarão mais envolvidas nos processos, mais motivadas e mais felizes.

Portanto é possível juntar estas duas ferramentas, e até me atrevo a dizer que são complementares e que deveriam trabalhar em conjunto.

*Jaime Gil Bernardes – Mestre em Administração de Empresas, com dissertação sobre construção de cenários prospectivos no setor hospitalar. MBA em Gestão Empresarial. Consultor empresarial, diretor da JBernardes Consultoria, dedicada a gestão hospitalar.

Rede D´Or implanta modelo Smart Track nos 32 hospitais.

O Pronto Socorro de todas as instituições do grupo vai operar com base no conceito, desenvolvido para reduzir o tempo de espera da emergência em até 70%.

 Esperar por mais de duas horas para ser atendido nos prontos socorros brasileiros não é nenhuma novidade. Para solucionar esse tipo de entrave em seus 32 hospitais, a Rede D´Or desenvolveu um novo modelo. Com investimentos em torno de R$ 50 milhões, o projeto, batizado de Smart Track, prevê um clínico geral no lugar do enfermeiro para fazer a triagem. 

Segundo informou o diretor executivo do Hospital Esperança, de Recife, até o primeiro semestre do ano que vem todos os hospitais do grupo já estarão funcionando neste modelo. A Rede D´Or possui 50% do controle do Esperança e 100% dos hospitais São Marcos e Prontolinda, ambos localizados também na capital pernambucana. 

O Esperança, por exemplo, possui seis boxes com um médico em cada para realizar o primeiro atendimento. “Eles já são examinados lá mesmo e liberados. Caso seja necessário um especialista, o paciente é direcionado para uma segunda etapa do atendimento, composta por outra equipe”, explica Loback. 

Muito Prontos Socorros brasileiros seguem o protocolo de Manchester, que organiza a triagem pelo nível de gravidade, identificado por cores. Em geral, o paciente é triado por um enfermeiro, volta para a recepção e espera o especialista chamar. Cerca de 80% da demanda emergencial são solucionadas no ambulatório mesmo. 

“Esse modelo muda completamente a filosofia de atendimento de emergência, reduzindo a média do tempo de espera que é de duas horas para 15 minutos”, ressalta o diretor do Esperança, que experimenta o novo conceito há pouco mais de dois meses. Os outros dois hospitais de Recide Loback conta que a iniciativa foi baseada no modelo lean manufacturing, aplicado em fábricas com o objetivo de reduzir sete tipos de desperdícios: super-produção, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos.

Loback enfatiza que os doentes mais graves continuam entrando de forma direta, sem espera. 

A unidade Anália Franco da Rede D´Or São Luiz, localizado na Zona Leste de São Paulo, foi o primeiro a utilizar o modelo e, após 30 dias, o tempo máximo de espera para o primeiro atendimento a pacientes de menor gravidade nos horários de picos caiu para menos de 50 minutos, quando o tempo indicado é de até 1h30. 

O tempo de espera também ficou menor nas unidades do Itaim e Morumbi. 

O conceito do Smart Track foi baseado no modelo lean manufacturing, utilizado por muitas fábricas com objetivo de reduzir sete tipos de desperdícios: super-produção, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos.

A satisfação dos pacientes é o grande benefício decorrente do Smart Track, pois o custo da infraestrutura de atendimento acaba sendo mais alto. “Aumenta cerca de 10% o quadro de funcionários na emergência”, conta o diretor.
 
Por:  Verena Souza

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O desafio de incorporar novas tecnologias na saúde pública

Redução do tempo de hospitalização, menores índices de mortalidade, aumento da capacitação profissional e menor absenteísmo são alguns dos parâmetros prioritários no processo de avaliação das novas tecnologias de saúde, diz Abimed.


Ampliar o acesso de pacientes aos tratamentos de ponta oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), administrar recursos e adquirir novas tecnologias para que a defasagem entre os segmentos público e privado seja cada vez menor. Estes são alguns dos desafios enfrentados pelo setor público atualmente..

A adoção de tecnologias pode, não só, trazer uma melhor qualidade assistencial ao serviço público de saúde, mas também equiparar tecnologicamente os setores. Para superar esses desafios, entidades representantes da indústria, governo e outros órgãos movimentam-se para agilizar os processos de aquisição de novas tecnologias pelo SUS, fator crítico no País.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed), Carlos Goulart, os produtos de saúde têm, em média, uma vida útil muito curta. Esses dispositivos evoluem ou ficam ultrapassados a cada dois anos, e para se ter um sistema de saúde eficiente e com equipamentos atualizados é necessário cumprir uma série de etapas no processo de incorporação tecnológica. “Esse processo se inicia envolvendo governo, acadêmicos e a indústria, que é responsável pelo P&D do produto. Esse envolvimento é vital para colher informações sobre os equipamentos de forma rápida e ágil antes da tomada de qualquer decisão.”

Baixo Custo 

Com recursos restritos e realizando, cada vez mais, uma gestão de baixo custo, outro ponto interessante, e que deve ser levado em consideração, é o estudo sobre o desinvestimento, que consiste em avaliar a utilização de terapias e equipamentos ultrapassados junto com as novas aquisições. A consequência disso é um processo redundante e caro para a saúde pública.

Os fatores custo e  prazo são fundamentais para a aquisição de novos dispositivos. A partir da  Lei 2.401, de 2011, e o decreto 7.646, no qual foi criada a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), o período de avaliação de novas tecnologias foi reduzido, de acordo com o grau de complexidade.  O Conitec tem a finalidade de assessorar o Ministério da Saúde na incorporação, alteração ou exclusão pelo SUS de novas tecnologias em saúde, como novos medicamentos, produtos e procedimentos, e na constituição ou na alteração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas.

Para o presidente da Abimed, a redução do tempo de hospitalização, menores índices de mortalidade, aumento da capacitação profissional e menor absenteísmo são alguns dos parâmetros prioritários no processo de avaliação das novas tecnologias de saúde. “Temos um grande desafio pela frente, que é o de aumentar o acesso da população a diagnósticos e tratamentos cada vez mais eficazes. Levantar o diálogo sobre este assunto é importante, pois ajuda todos os envolvidos na cadeia de saúde a tomar conhecimento das inovações e planejar com antecedência as tecnologias que desejam prover aos pacientes no futuro.”

Por Guilherme Batimarchi.

As redes sociais na vida e no trabalho

Com a presença virtual as coisas ganharam outro sentido, mas o conceito de rede permanece o mesmo. Estar antenado e usar as atuais mídias sociais adequadamente é o que vai diferenciar cada pessoa, seja na vida pessoal ou profissional.
 
O conceito de rede social vai muito além de ter centenas de amigos no Facebook ou milhares de seguidores no Twitter. Antigamente, antes da internet, cada um tinha a sua rede social, formada por amigos, amigos de amigos e conhecidos. Com a presença virtual as coisas ganharam outro sentido, mas o conceito de rede permanece o mesmo. Estar antenado e usar as atuais mídias sociais adequadamente é o que vai diferenciar cada pessoa, seja na vida pessoal ou profissional. 

Atrair e interagir diferentes perfis por meio de conteúdos e ações originais, a fim de contribuir para o desenvolvimento do universo e elevar ou expandir a consciência para uma vida e um mudo melhor, será cada vez mais desafiador. Postar frases “prontas” ou contar para o mundo sua vida em tempo real só contribuirá para uma formação de opinião negativa ou superficial sobre você.

Em vez de se expor e travar debates intermináveis, mostre ao mundo o quanto está antenado com o que está acontecendo em termos locais e até além das fronteiras. Use o poder das conexões para mostrar quem você é e o que realmente gosta. Ousadia é fundamental, por isso use as informações e opiniões de forma estratégica. Assim será capaz de beneficiar não só a você, mas a todos.

As milhares de informações que são disponibilizadas na rede geram uma grande questão: o que fazer para ser destacar em meio a tudo isso? Acredite, não é tão complicado como se imagina! Veja algumas dicas:

Linguagem: comece com o uso de um bom português. Crie temas atrativos, bem elaborados e curtos. Tenha atitudes que sustentam o que pensa. Suas publicações e seu perfil é o que pode fazer a diferença na vida das pessoas, independentemente de onde quer que estejam.

Pense coletivamente: aprender a pensar e viver em rede é tão ou mais poderoso do que se imagina. A opinião e a voz do usuário são amplificadas milhares de vezes. E se considerarmos apenas esses itens, não podemos desperdiçar tempo e energia com uma visão individualizada. Quem pensa e age com o conceito de rede será o grande destaque daqui para frente.

Questione: o grande engano é continuar acreditando que o que você faz e como age não impactará na vida dos outros. Qualquer coisa que se faça hoje gera um grande impacto para todo o universo. Portanto, a primeira pergunta a ser respondida é: como você quer impactar o universo? Como quer ser visto(a)? Qual a sua contribuição para o mundo?

Desafie: provoque as pessoas a expressarem o que acreditam e sensibilize os outros para que possam abraçar a mesma causa. Além de tê-los curtindo seus posts e compartilhando, você vai gerar trocas interessantes e multiplicar o conteúdo para toda a rede.

Tudo o que foi dito acima se aplica também nas relações de trabalho. A tecnologia, internet, redes sociais e tantos outros, representam uma grande vitrine e isso pode diferenciá-lo neste grande universo. Paute suas relações, busque por novos desafios, defina seus desejos e convide o mundo para olhar as inúmeras transformações. Afinal, como você tem usado as redes sociais para fazer a diferença no mundo? Reflita.

*Elisabete Oliveira é consultora na M&S, consultoria de desenvolvimento humano

TI em saúde vai diminuir os custos

Especialista vê a integração de EHRs dos médicos com dados administrativos como “um passo na direção certa” e “um elemento muito importante” que pode reduzir os custos de saúde.


 Vários especialistas do setor de saúde, liderados pelo bioeticista Ezekiel Emanuel, acreditam que a construção de uma infraestrutura de TI que suporta o intercâmbio eletrônico de dados do paciente e integração de dados administrativos com informação clínica a partir de registros de saúde eletrônicos (EHRs) vai reduzir os custos do setor e aumentar a eficiência. 

Em um artigo recente publicado no New England Journal of Medicine, Emanuel e seus colegas, apoiados pelo Center for American Progress, um think tank independente não partidário, enfrentam a questão de gastos fora do controle que, neste ano eleitoral, deve alcançar US$ 2,8 trilhões ou cerca de 18% dos PIB dos Estados Unidos.

Os autores citam estimativas que sugerem que em 2037, os gastos nacional com saúde vão crescer mais rápido do que a economia, aumentando de 18% para cerca de 25% do PIB norte-americano. Os gastos com saúde Federal também vão aumentar de 25% este ano, para aproximadamente 40% do total de gastos federais em 2037. 

“Estas tendências podem espremer os investimentos críticos em educação e infraestrutura contribuem para níveis insustentáveis de endividamento e restringem os aumentos salariais para a classe média”, escreveram os autores. 

Os autores apontam que o país gasta cerca de US$ 360 bilhões em cuidados de saúde relacionados com os custos administrativos de cada ano.

Apesar de a Patient Protection and Affordable Care Act exigir que os planos de saúde e prestadores adotem padrões uniformes e regras de funcionamento para as transações eletrônicas entre as organizações, o autor lamenta que, embora “os planos devam respeitar essas regras e normas, a lei não exige que os prestadores troquem de informações por via eletrônica.

Nova estrutura 

Para criar uma maior eficiência no sistema, Emanuel e seus colegas recomendam que os contribuintes e prestadores rapidamente adotem a prática de troca de elegibilidade eletronicamente, reclamações e informações administrativas entre suas respectivas organizações.

Além disso, os autores sugerem que durante os próximos cinco anos provedores usem EHRs para integrar funções clínicas e administrativas, tais como faturamento, autorização prévia e pagamentos. 

Através da implementação de ferramentas de business intelligence para coletar informações úteis a partir de sistemas administrativos, fornecedores e planos de saúde podem descobrir ineficiências no sistema à medida que procuram melhorar o seu fluxo de trabalho e reduzir as tarefas administrativas e os custos. Por exemplo, em uma etapa de um serviço clínico pode ser encomendado via eletrônica para um paciente e automaticamente ser cobrada do contribuinte.

Emanuel e associados também recomendam a criação de uma força tarefa composta de contribuintes, provedores e fornecedores para “fixar metas vinculativas de cumprimento, monitorar as taxas de uso e ter ampla autoridade para implementar medidas adicionais para alcançar todo o sistema de poupança de US $ 30 bilhões por ano.” 

Em entrevista à InformationWeek Healthcare, Emanuel indicou que ele vê a integração de EHRs dos médicos com dados administrativos, como “um passo muito bom na direção certa” e “um elemento muito importante” que pode reduzir os custos de saúde. 

O artigo também diz que a tecnologia pode reduzir o custo da medicina defensiva, explicando que o risco de um processo por imperícia faz com que os médicos solicitem mais procedimentos e testes. Mas a implementação de uma estratégia que impõe limites arbitrários sobre os danos para os pacientes que são feridos como resultado de negligência resultaria em apenas uma redução de 0,5% dos gastos em saúde nacional. 

“A estratégia mais promissora seria um porto chamado seguro, em que os médicos presumem ter nenhuma responsabilidade, se utilizarem sistemas de TI qualificados e aderirem a diretrizes baseadas em evidências na prática clínica que não refletem na medicina defensiva. Os médicos poderiam utilizar sistemas de apoio à decisão clínica que incorporem essas diretrizes “, disseram os autores. 

Eles acrescentaram: “Sob tal sistema, o médico pode usar o porto seguro como uma defesa afirmativa em um estágio inicial no litígio e poderia introduzir orientações em evidência para evitar uma batalha judicial dos peritos.” 

De acordo com Emanuel, usar a tecnologia para fornecer provas de que um médico seguiu as práticas e procedimentos corretos ao atender aos doentes é uma ferramenta útil para se defender contra ações judiciais.
“Parte do que estamos sugerindo é que usamos reforma de negligência para incentivar um melhor comportamento em termos de instalação de registros eletrônicos de saúde, a instalação de suportes de decisão e diretrizes a seguir.”

Fonte: Nicole Lewis | InformationWeek EUA; replicada pela InformationWeek Brasil.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Site de agendamento de consultas é lançado com proposta diferente

Ao contrário de serviços como Dr. Busca e YepDoc, o Medices realiza agendamento de consultas, mas sem nenhum custo para os profissionais da área da saúde.

O agendamento de consultas pela internet virou negócio no Brasil. O modelo de negócios de sites como Dr. Busca, YepDoc, Go2Doc e AvalDoc foram inspiradas na americana ZocDoc, lançada em 2007 e que atrai cerca de 1,2 milhão de usuários por mês.

Através do serviço, o paciente escolhe o convênio (ou consulta particular), a especialidade e a região. A página gera uma lista de médicos com os dias e os horários disponíveis. O agendamento é confirmado por e-mail.

No modelo de negócios destes sites, o paciente não paga pelo serviço de agendamento. No entanto, os profissionais, como médicos, dentistas e nutricionistas, pagam uma mensalidade de R$ 100 a R$ 250. Com o discurso de defender os direitos dos médicos e dos pacientes, o site Medices foi lançado no começo de julho com a mesma proposta dos demais, mas sem nenhum custo para os profissionais da área da saúde, como médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros.

“Somos uma iniciativa social, pois tentamos maximizar retornos sociais ao invés de maximizar o lucro. Futuramente, a estratégia é criar novas soluções gratuitas que melhorem a relação médico-paciente”, diz o fundador do site Medices, Roberto Kakihara.

Segundo um estudo realizado pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), o custo fixo médio de um consultório (considerando aluguel, recepcionista, contador, etc) é de, aproximadamente, R$ 2.500 por mês. Para fazer parte destes sites, os profissionais aumentarão seus custos fixos em até 10%.

De acordo com o presidente do Cremesp, Renato Azevedo, como o serviço visa ao lucro intermediando a relação médico-paciente, os sites esbarram em uma questão ética.

Por Saúde Web.

Como a TI tem revolucionado a forma que o paciente é tratado?

"Não podemos associar a TI para saúde simplesmente com o armazenamento eletrônico de registros de saúde, na verdade, ela é muito mais transformativa e proporciona dados analíticos e inovações de processos". Veja como:


Em paralelo à evolução dos novos tratamentos de saúde que vem surgindo em todo o mundo, proporcionando mais eficiência nos serviços prestados aos pacientes, a Tecnologia da Informação voltada a essa área caminha com a mesma velocidade. Cada vez mais inovadora, a TI passou a transformar a forma com que o paciente é tratado, reduzindo os erros médicos e proporcionando um atendimento mais rápido nas emergências.

Em anos acompanhando este mercado de perto, tenho percebido uma mudança cultural. Hoje, as instituições ligadas a esse setor já têm a consciência de que um bom tratamento de saúde não se restringe apenas a bons médicos e hospitais. É preciso ir além e investir em conectividade, acesso rápido e on line às informações do paciente.

Não podemos associar a TI para saúde simplesmente com o armazenamento eletrônico de registros de saúde, na verdade, ela é muito mais transformativa e proporciona dados analíticos e inovações de processos que já estão revolucionando a maneira como as pessoas recebem e gerenciam seus cuidados em comunidades por todo o país.

Um relatório da consultoria Booz Allen Hamilton aponta que a TI para saúde tem um grande potencial para mudar e aprimorar o atendimento ao paciente. Hoje, por meio de tecnologias móveis, médicos podem receber informações em tempo real sobre as condições dos pacientes. Por meio desses recursos, é possível traçar um diagnóstico antes do paciente chegar ao hospital, promovendo um tratamento muito mais ágil. As tecnologias de monitoramento remoto e vídeo conferência podem, por exemplo, permitir aos profissionais monitorarem os dados vitais do paciente e discutir suas condições sem ter a necessidade da presença do paciente e em qualquer lugar com acesso à internet.

Além dos benefícios já citados, é importante ressaltar o quanto a tecnologia para saúde impacta diretamente a vida do paciente. Um exemplo claro disso é o uso da TI na área de emergência, onde segundos podem fazer a diferença para a vida ou a morte de uma pessoa. As ferramentas de TI possibilitam que os profissionais que prestam os primeiros socorros tenham acesso a informações vitais como possíveis alergias e contra indicações.

Outra vantagem é a autonomia que o paciente e sua família ganham para planejar o tratamento. Já que eles têm acesso às informações médicas, é possível tomar decisões em relação ao melhor tratamento, mesmo que o paciente não esteja em condições de opinar, como um caso de coma, por exemplo.

A área de pesquisa médica também pode tirar proveito da tecnologia voltada à saúde. Como as informações dos pacientes são digitalizadas, pesquisadores podem analisar uma grande quantidade de dados, o que facilita a rápida introdução de novas terapias, além de melhorar as análises da efetividade de medicações e tratamentos. A indústria de saúde também sai ganhando, porque por meio do aumento do uso de tecnologias móveis e ferramentas de redes sociais, a TI para saúde oferece à indústria de saúde novas maneiras para entender e administrar os cuidados aos pacientes.

Todas essas vantagens permitem que a saúde seja trabalhada de forma preventiva, pois ao ter acesso ao Prontuário Eletrônico do paciente, com todo o seu histórico de doenças, medicamentos usados, alergias, etc., o corpo clínico tem em mãos informações que serão vitais para a introdução de programas de prevenção e de redução de custos, evitando hospitalizações desnecessárias.

Projetos tais como o ESF (Estratégia de Saúde da Família) que levam a saúde para mais perto da família, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros com um atendimento prestado na unidade básica de saúde ou no domicílio, também têm um papel fundamental na prevenção de doenças já que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade. O ESF deve ser a porta de entrada para o início de um processo de informações conectadas de saúde.

O Brasil tem amadurecido rapidamente em relação à importância do uso de tecnologias inovadoras para melhorar os serviços de saúde. Alguns grandes projetos já estão em andamento na área de Governo, no Distrito Federal e também no Rio Grande do Sul. Tenho certeza que o país ampliará cada vez mais seus investimentos nessa área, pois os benefícios envolvem a todos, não só o cidadão, como também as instituições de saúde.

*Fernando Vogt é diretor de vendas para a área de saúde da InterSystems no Brasil.

Empresas usam saúde como fator competitivo

Corporações estão levantando a bandeira de que para se mostrar competitiva para a concorrência deve-se cuidar também do que se tem dentro de casa.

Garantir uma remuneração competitiva com o mercado, oferecer participação nos lucros e promover os funcionários a cada meta alcançada. Esta seria uma receita de sucesso se a administração de uma companhia se limitasse a um plano cartesiano, mas os gestores bem sabem: gerenciar pessoas não consiste apenas em uma designação de tarefas e recompensa pelo trabalho desempenhado.

Assim como o emprego pode ser visto como a segunda casa, os funcionários acabam sendo a segunda família e necessitam de cuidados e valorização do bem-estar, para manterem as tarefas em execução. O problema é que, durante muito tempo, a preocupação das empresas estava somente na obtenção de lucros, com a qualidade de vida dos colaboradores como item secundário no planejamento estratégico. Essa falta de atenção não apenas com a saúde de quem trabalha na corporação, mas também com a maneira como as pessoas se relacionam resultou em estatísticas de baixa produtividade, insatisfação com o ambiente de trabalho, absenteísmo e demissões.

A boa notícia é que essa necessidade cada vez mais é percebida por grandes empresas brasileiras e internacionais. Essas corporações estão levantando a bandeira de que para se mostrar competitiva para a concorrência deve-se cuidar também do que se tem dentro de casa.

A filosofia de velar tanto pela qualidade de vida quanto estado de espírito dos trabalhadores é conhecida como Wellness e serviu como pano de fundo para os diálogos realizados no “Encontro de Saúde Corporativa”, que ocorreu em São Paulo, no dia 19 de junho.

O CEO da Staywell, Paul Terry, conta que a promoção do binômio saúde e produtividade está atrelado à possibilidade de as pessoas serem fisicamente capazes de realizar suas funções, mas, para isso é preciso criar um ambiente correto. “Os indivíduos pensam saúde corporativa ligada apenas ao bem – estar físico, mas essa questão envolve também o clima organizacional. Tem a ver com o tipo de abordagem que os funcionários utilizam para se comunicar e a compreensão do significado de cada tarefa realizada”.

Sem fazer menção a uma filosofia utópica, Terry afirma que é possível criar um ambiente de trabalho agradável para todos e chama atenção para o conceito de unicidade. “Para as pessoas se sentirem confortáveis, é necessário se sentir parte de um todo. Deve-se amar o campo de trabalho”.

O sócio- consultor da Havik, Fernando Goes, conta que é determinante o tamanho do envolvimento quando se quer fazer uma transformação. “Essa mudança só ocorre quando os indivíduos se sentem parte de um mesmo princípio”.

Quem emprega, cuida

Uma pesquisa realizada pela consultoria alemã GFK, com o objetivo de analisar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, em níveis de stress, mostra os resultados do Brasil entre os piores na média do mundo.
Entre os pontos abordados, o que mais chama atenção é o indicador de nível de mal estar no trabalho. A média do mundo mostra um índice de 40%. Já no Brasil esse resultado chega a 53%. No quesito pressão para realizar longas jornadas, a média global é de 31%, os trabalhadores brasileiros apresentam 42%.

O diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Luiz Edmundo Preste Rosa, pontua alguns motivos que têm levado os trabalhadores a apresentarem tais características.

“Nos últimos anos têm ocorrido uma venda intensa de automóveis, as pessoas estão demorando mais de uma hora para chegar ao trabalho e para voltar também. Estão ficando mais ansiosas e estressadas. É necessário que as empresas olhem para o ambiente de trabalho de forma mais flexibilizada e que os departamentos de Recursos Humanos se comprometam em educar e promover uma mudança de cultura dentro das organizações”.

A Basf, empresa do segmento químico, tem como um dos seus princípios ter uma equipe apta para trabalhar e satisfeita com a sua rotina dentro da companhia. Para isso, investe em uma política de atração interessante, uma estrutura de trabalho agradável e líderes que saibam trabalhar dentro desta premissa.

Dentro das concepções da empresa, o balanceamento das dinâmicas do dia a dia foi a estratégia escolhida para aliar mente e corpo saudáveis. Assim, a Basf desenvolveu a campanha “Vida em Equilíbrio”, para incentivar o colaborador a contribuir para o seu próprio bem-estar. “Nós valorizamos os funcionários que conseguem junto a sua liderança se organizar com as tarefas e suas necessidades pessoais”, afirma a médica do trabalho da empresa, Lorena Al-Hakim.

Com 14 mil funcionários espalhados pelo mundo, Lorena conta que a estratégia de promoção de saúde da Basf é incentivar que as pessoas tenham qualidade de vida enquanto estão no período ativo, para que envelheçam com boa saúde. Isso porque além de o envelhecimento populacional ser uma realidade, estima-se que até 2020 a empresa tenha aproximadamente 2500 funcionários com mais de 65 anos. Diante disso, a Basf realiza palestras, dinâmicas, faz uso de material informativo e conversas periódicas para educar seus colaboradores a ter uma vida mais saudável.

Mesmo com um índice de tabagismo baixo, a Dow Química tinha como meta combater e diminuir o vício entre os funcionários. Para alcançar essa meta criou, na sua unidade do Guarujá, a campanha “Eu Quero Parar” e convidou os colaboradores a participarem. “Se não quisessem eles não precisavam fazer parte, mas tivemos 100% de adesão, totalizando 26 pessoas”, afirma o médico do trabalho da Dow, Lucio Ribeiro.

Com o grupo montado, a empresa se viu diante da necessidade de primeiramente diagnosticar os motivos que levavam os indivíduos a fumarem. Com o levantamento, a Dow concluiu que os principais fatores eram ansiedade e a dependência da nicotina. Tomando como base esses dados, foi decidido que as pessoas seriam divididas em dois grupos: um seria tratado apenas com terapia e o outro faria uso do medicamento Vareniclina usado no combate ao tabagismo.

Ribeiro conta que os participantes foram divididos levando em consideração as razões pelas quais cada um fazia uso do cigarro. O tratamento com medicamento teria duração de 12 semanas e acompanhamento psicológico durante 1 ano após o termino do tratamento.

“Conseguimos alcançar o abandono do vício em 70% dos participantes e redução substancial de 100%. Pessoas que fumavam 20 cigarros por dia, diminuíram para 1”.

Atuante no setor químico, a empresa faz uso da esfera a qual está inserida para exemplificar seu interesse em cuidar da sua força de trabalho com a filosofia corporativa: “Falta um componente na tabela periódica: o componente humano”, afirma Ribeiro. Se depender deles, não faltará mais.

Já a Cia Vale do Rio Doce investe em um modelo para tratar de forma integrada os recursos pessoais de saúde, ambiente físico de trabalho e psicossocial. Por isso, a companhia vem trabalhando com o programa Saúde Integrada Vale, com o objetivo abordar essas questões nos pilares de saúde ocupacional, assistencial e saúde da comunidade. Entre as iniciativas elaboradas pela empresa, as mais importantes são cuidados com os dependentes, flexibilidade no trabalho, suporte financeiro, descanso remunerado e não remunerado, envolvimento com a comunidade, mudança da cultura organizacional, saúde e bem- estar.

Dificuldades no processo

O gerente de saúde corporativa da empresa da Cia Vale do Rio Doce, Fernando Coelho Neto, afirma que um dos principais desafios no processo de promoção e prevenção de saúde é a mensuração de dados. Isso porque empresas de grande porte possuem diferentes formas de aplicação das iniciativas. Sendo assim, não há como estabelecer um número padrão para os resultados obtidos nas campanhas.

Ribeiro aponta que o principal desafio pelo qual a Dow passou foi a quebra de paradigmas, uma vez que seria necessário lidar com um grupo resistente que já havia tentando parar de fumar anteriormente. No entanto, o executivo valoriza a criatividade e acreditar que tudo é possível como motivador.

Além de vontade, para um projeto como esse prosperar, é preciso fazer investimentos. E, como se sabe, durante muito tempo as iniciativas relacionadas à saúde dentro das empresas foram vistas como algo supérfluo. Logo é possível que os gestores do departamento financeiro limitem o orçamento dos projetos.

Para Rosa, da ABRH, esse posicionamento é um reflexo da percepção que ainda norteia algumas empresas que veem a saúde como benefício quando, na verdade, ela precisa ser encarada como um valor. Dados da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) mostram que os custos com planos de saúde empresarial são o segundo maior gasto na folha de pagamento. Os gestores que não quiserem continuar alimentando essa estatística devem mudar a maneira de pensar. 

Por Cynthia Dávila.