Os médicos formados fora do País
atuariam exclusivamente na rede pública de saúde e apenas nas cidades em
que não houve interesse dos brasileiros.
O Governo Federal vai atrair médicos para o interior e periferias
entre outras regiões carentes de profissionais. Em reunião com
ministros, governadores e prefeitos de capitais nesta segunda-feira
(25), em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff disse que os municípios
devem incentivar a ida de médicos para as áreas remotas, dando
prioridade aos profissionais do Brasil. Os médicos formados fora do País
atuariam exclusivamente na rede pública de saúde e apenas nas cidades
em que não houve interesse dos brasileiros. Segundo a presidenta, a
saúde do cidadão deve prevalecer sobre quaisquer outros interesses.
“Quero propor acelerar os investimento já contratados em hospitais,
UPAs e Unidades Básicas de Saúde. Ampliar também a adesão dos hospitais
filantrópicos ao programa que troca dívidas por mais atendimento e
incentivar a ida de médicos para as cidades que mais precisam e as
regiões que mais precisam”, afirmou a presidenta.
“Sabemos mais que ninguém que não vamos melhorar a saúde pública
apenas com a contratação de médicos brasileiros e estrangeiros. Por
isso, vamos tomar juntamente com os senhores uma série de medicas para
melhorar as condições físicas da rede de atendimento e todo o ambiente
de trabalho dos atuais e futuros profissionais”, acrescentou a
presidenta Dilma.
O governo estuda o formato do processo de seleção dos estrangeiros
para preencherem as vagas restantes. Segundo a Dilma, está certo que um
dos critérios será a qualidade da formação, ou seja, só serão aceitos
profissionais cujos diplomas são reconhecidos no País de origem. O
Brasil não será o primeiro país a buscar médicos de fora para enfrentar a
dificuldade de contratação no interior. Enquanto no Brasil 1,7% dos
médicos são estrangeiros, no Reino Unidos esse índice é 37%.
“Sobre a vinda de médicos estrangeiros, sei que vamos enfrentar um
bom debate democrático. De início, gostaria de dizer à classe médica
brasileira que não se trata, nem de longe, de uma medida hostil ou
desrespeitosa aos nossos profissionais. Trata-se de uma ação
emergencial, localizada, tendo em vista a grande dificuldade que estamos
enfrentando para encontrar médicos, em número suficiente ou com
disposição para trabalhar nas áreas mais remotas do país ou nas zonas
mais pobres das nossas grandes cidades”, disse a presidenta Dilma.
FORMAÇÃO DE MÉDICOS – Ela ressaltou ainda que a
prioridade do Governo Federal é a formação do médico brasileiro. Segundo
ela, o governo está elaborando o maior programa da história de
ampliação de vagas em formação de medicina, com previsão de 11.947 novas
vagas de graduação e 12 mil de residência. “Vamos continuar investindo
na formação dos nossos médicos, com ampliação de vagas de graduação e de
residência”, disse e, em seguida, acrescentou: “sempre ofereceremos aos
médicos brasileiros as vagas disponíveis, mas não podemos esperar por
eles”.
A atração de médicos às regiões mais carentes é uma das ações do
programa que está sendo elaborado pelo governo para suprir a falta de
profissionais no Brasil e melhorar os serviços de saúde. Além da seleção
de profissionais, a iniciativa prevê a expansão das vagas de medicina
no País, principalmente nas áreas onde há poucas instituições; o aumento
da oferta de residência médica, com foco nas áreas prioritárias da rede
pública; e a melhoria da infraestrutura do Sistema Único de Saúde
(SUS), para oferta de serviços de qualidade e melhor condições de
trabalho.
“O foco do Ministério da Saúde é o médico brasileiro, a valorização
dos profissionais formados no País. Nosso maior investimento é na oferta
de graduação, residência e melhoria das condições de trabalho. Sabemos,
no entanto, que essas são medidas de longo prazo. Para atender a
necessidade hoje, vamos trazer também profissionais de fora. Muitos
países fizeram isso para enfrentar a dificuldade de levar médicos ao
interior e tiveram sucesso nessa iniciativa”, afirmou o ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, que diz haver um importante esforço do governo
federal na infraestrutura do Sistema Único de Saúde (SUS).
INFRAESTRUTURA – Nos últimos dois anos, o
investimento destinado aos serviços de saúde da rede pública chegou a R$
7,1 bilhões. Foram investidos R$ 2,1 bilhões para reforma, ampliação e
construção de 14.671 Unidades Básicas de Saúde. Para essas unidades,
estão sendo adquiridos 4.991 equipamentos, correspondente ao montante de
R$ 415 milhões.
O governo federal também está financiando os serviços de urgência e
emergência. Ao todo, 818 hospitais estão em obras, com aplicação de R$
3,2 bilhões, incluindo a compra de 2.459 equipamentos. Para as Unidades
de Pronto Atendimento (UPA), o Ministério da Saúde está disponibilizando
R$ 1,8 bilhão para a realização de obras de 877 estabelecimentos.
DIAGNÓSTICO – O Brasil tem 1,8 médico para cada mil
brasileiros, índice abaixo de outros latino-americanos como Argentina
(3,2) e México (2). Para igualar-se à média de 2,7 médicos por mil
habitantes registrada no Reino Unido, que também possui um sistema de
saúde público de caráter universal, o Brasil, segundo o Ministério,
precisaria ter hoje mais 168.424 médicos.
“Para suprir essa carência, o governo desenvolve diversas ações, como
a concessão de desconto na dívida do Fies para o médico que atuar na
atenção básica de municípios prioritários, e o Programa de Valorização
do Profissional da Atenção Básica (Provab), que atrai médicos para áreas
com carência desses profissionais com a oferta de bolsa federal no
valor de R$ 8 mil, curso de pós-graduação em saúde da família e, após um
ano, bônus de 10% nas provas de residência”, afirmou o Ministério em
comunicado.
Em todo o Brasil, 55% dos municípios que solicitaram médicos pelo
Provab não conseguiram profissionais. Dos 2.867 municípios que pediram
profissionais, 1.581 municípios não atraíram nenhum. Com isso, apenas
29% da demanda nacional por 13 mil médicos foi atendida: 3.710
participantes foram para 1.307 municípios brasileiros.
Fonte: Com informações da Agência Saúde
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