quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Faculdade Marista sedia Conferência sobre o projeto Hanium 2012

O projeto Hanium, uma parceria entre o Governo da Coreia do Sul e o CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), reuniu, no dia 12 de dezembro, os seus participantes para uma conferência na Faculdade Marista Recife.

Focado no desenvolvimento de projetos em tecnologia da informação, tem a participação de 10 estudantes e 02 docentes do curso de Sistemas para Internet da faculdade. Participam também 15 estudantes e 05 docentes da Faculdade dos Guararapes - Rede Laureate, dos cursos de Ciêcnias da Computação e também do curso de Gestão em Técnologia da informação. No encontro, os participantes tiveram a oportunidade de apresentar os projetos aos representantes da Federação de Indústrias da Coreia (FKI), do governo da Coreia do Sul.


Foi sem sombra de dúvidas um momento ímpar, como integrante de duas das equipes, pude observar que o projeto contribuiu para que os estudantes possam interagir com novas plataformas ampliando  conhecimento. Outro fator primordial é a parceria do CESAR-Edu.



O projeto Hanium tem sua importância no momento que realiza a ligação entre o conhecimento formecido em sala de aula e o desafio imposto pelo mercado de trabalho. Maiores informações no link:  br.hanium.net.

Por Daniel Carlos Nunes.

Para Amil, TI é fator crítico de sucesso

Com a TI subordinada diretamente ao Chairmam, o CIO da Amil, Telmo Ferreira Pereira, é também diretor estatutário, com participação em reuniões estratégicas e do conselho. O resultado não poderia ser diferente: projetos e ações tecnologicamente inovadoras. “A Amil sempre investiu e acreditou na importância de TI como fator crítico de sucesso, agregando valor aos seus produtos, clientes, prestadores médicos e canal de vendas”, avalia Pereira.

Um bom exemplo é o programa e-Mobile, que tem o objetivo de descrever o desenvolvimento de um conjunto de aplicativos móveis em dispositivos da Apple para os beneficiários, corretores e médicos. A partir de um planejamento contemplando funcionalidades, usabilidade e segurança, três aplicativos foram construídos utilizando framework baseado em práticas como Java Open Source, VRaptor, Hibernate e Scrum.

Baseado na estratégia que direciona a área de tecnologia da companhia – que qualquer um de seus públicos só deve se deslocar até uma de suas unidades em caso de necessidade de um ato médico, o projeto foi criado em 2010 e contribuiu para o aumento da maturidade no desenvolvimento de aplicativos móveis, demonstrando a importância do tema no contexto do setor de saúde das organizações brasileiras.“Focamos na entrega, e, em média, levamos quatro meses para desenvolver cada um dos aplicativos, que foram separados por categoria. Naquele momento estávamos mudando nosso sistema corporativo, que também foi dividido, e seguimos as mesmas etapas, com foco na nossa cadeia, que é onde surgem contratos e vendas”, conta o líder de projetos da Amil, Daniel Kamakura.

Para a criação dos aplicativos, a Amil fez uma pesquisa com a equipe de teleatendimento para entender as necessidades e demandas vindas de seus usuários e colaboradores. Fato que resultou em atividades especificas para cada público como: acompanhamento de solicitação de guias e contratos; extrato de pagamentos e bula de medicamentos; entre outros.De acordo com o executivo, os aplicativos foram construídos e disponibilizados com sucesso, tendo níveis de utilização bastante significativos por seus públicos. Até o momento, cerca de 40 mil downloads foram feitos por beneficiários, 11 mil por credenciados e 2 mil por corretores.

Impactos e desafios 

O principal desafio do projeto e-Mobile refere-se ao conjunto de tecnologias consideradas extremamente inovadoras e a necessidade do time em aprender novas linguagens e framework.Já os impactos foram: mais um canal de comunicação com os parceiros, acompanhamento de status de propostas, reembolso, extratos de pagamentos, evitando ligações no teleatendimento, possível substituição das carteirinhas físicas pela carteirinha digital para os usuários dos aplicativos, possível substituição de materiais impressos para os usuários dos aplicativos e inovação.“O mundo é móvel, o mundo é digital. Temos que dar acesso universal para todos que fazem parte do nosso ecossistema. Estamos trabalhando fortemente para cada vez mais disponibilizarmos acessos multicanal para nossos clientes, fornecedores, canal de vendas e colaboradores. Nosso desafio é permitir a escolha de como nossos clientes desejam fazer contato conosco”, diz.

Decisões estratégicas 

Para o CIO Telmo Pereira, a TI sempre participou das decisões estratégicas desde a fundação da companhia, pois os gestores da Amil entendem que a área é a ferramenta que possibilita a criação de novos produtos, aumento de produtividade e escala, com padronizações e visões nacionais. “Nem tudo é TI, mas TI está em tudo”, considera.Assim, os recursos tecnológicos são de responsabilidade do CIO e sua equipe e a garantia das disponibilidades das informações da Amil é responsabilidade dos três diretores estatutários: CIO, CFO e RI.

“A TI possui uma equipe de BI que faz toda a apuração e consolidação das informações, dando suporte a estas duas áreas da empresa na preparação final das divulgações de nossos resultados para o mercado. Como nossa empresa é de capital aberto, possuímos um site da Amilpar com as informações econômicas, financeiras, contábeis e nossos planos de ações para os diversos segmentos que atuamos”, revela Pereira.

Previsão

De acordo relatório de previsões do instituto Gartner Group, Gartner’s Top Predictions for IT Organizations and Users, 2011, até 2014 em torno de 90% das organizações irão apoiar aplicações corporativas em dispositivos móveis e, até 2013, em torno de 80% terão força de trabalho utilizando tablets para transações de negócio.“No roadmap futuro para o projeto, pretendemos incorporar mais funcionalidades e mais públicos, bem como revisar a arquitetura de desenvolvimento, utilizando padrão PhoneGap para habilitar o reuso das  aplicações para sistemas operacionais IOS (Apple) e Android (Google)”, conclui o CIO. Por Thaia Duó.
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Hospital Paulistano investe em tablets para administrar remédios à beira leito

Próximo passo é usar o dispositivo para evoluir os pacientes

Há cerca de um ano o Hospital Paulistano, na capital de São Paulo, focado nos padrões da Joint Commission Internation em garantir a administração correta dos medicamentos dentro da instituição, optou por adquirir tablets para gerir o uso e preparação de remédios à beira leito.

Mesmo com um controle de rastreamento já adotado, a instituição ainda não confiava 100% de sucesso, fato que a levou para o caminho da mobilidade. “Garantir o medicamento certo, para o paciente certo, na hora certa não é fácil. Devemos fazer o máximo para evitar erros, que são bem possíveis de acontecer e a solução móvel propicia uma garantia, pois o medicamento é preparado dentro do quarto, com a prescrição móvel já inserida no tablet”, explica Roneide Cursino, gerente administrativo e financeiro do Hospital Paulistano.

De acordo com a executiva, o código de barras, tanto da pulseira do doente quanto do remédio, também é conferido no próprio dispositivo móvel. E somente após conferencia o uso da medicação é liberado.

O grande objetivo aqui é garantir maior segurança e qualidade ao paciente, que normalmente tem o medicamento preparado longe de seus olhos, no posto de enfermagem. “A diferença é que tudo é feito na frente do paciente e com a verificação eletrônica do processo”, avalia.

Antes de decidir pelo uso de tablets, o Hospital Paulistano testou outras soluções possíveis de evitar erros. Foram avaliadas ferramentas como um desktop em cada leito; e notebooks, com experimento na mão de enfermeiros e em carrinhos de corredor. Destas, Roneide destaca o motivo da escolha: “Chegamos ao tablet pela facilidade e praticidade, por ser menor, ocupar menos espaço, ser leve de carregar e, principalmente, pela aprovação dos próprios colaboradores.”

O aparelho


É claro que os tablets adquiridos não são comuns se comparados aos de uso pessoal. O aparelho tem certa resistência considerável. Não sofrerá danos com uma simples queda, nem apresentará problemas na parte elétrica eletrônica se a sua tela entrar em contato com líquidos.

“Tudo foi testado e aprovado pelo hospital. Além disso, passamos por um período de adaptação não só do hardware, mas também da infraestrutura do hospital”, diz a executiva, referindo-se à rede Wi-Fi com velocidade necessária para trafegar todos os dados precisos. 

Hoje o projeto está na etapa final, com previsão de conclusão para novembro deste ano. O hospital faz quase 100% uso do tablet, o último setor a contar com a mobilidade é o Pronto Socorro. “Por ser em Box [a área do PS] e considerado um espaço bastante cheio, com maior concentração de pessoas, especificamente aqui adotamos o All in One, que acaba fazendo o mesmo trabalho do tablet. A diferença é que fica fixo dentro de cada um dos Boxes”, conta.

Próximo passo

Assim que o projeto ser finalizado no Paulistano, a ideia é entrar, ainda este ano, com o mesmo conceito no Hospital Vitória. Para Roneide, essa realidade também será implantada no próximo ano em outras duas unidades: Alvorada Moema e Total Core.

“Vamos trabalhar para que os médicos, no futuro, utilizem tablets não apenas para administração de medicamentos, mas também para fazer uma prescrição, evolução de um paciente, entre outras atividades que facilitem seu dia a dia”.

E ainda, com um ano de experiência a executiva acredita evoluir bastante no uso do dispositivo, passando a abranger a evolução médica.

“Tecnologia sempre vai ao inicio de tudo esbarrar em uma coisa normal do ser humano, que é a resistência. Toda novidade envolve mudança cultural, resistência natural e comum. Por isso, investimos bastante em treinamento e procuramos mostrar o ganho que os usuários teriam”, diz Roneide.

Hoje nas auditorias, o Paulistano tem adesão de mais de 90%, sem opção de papel. Por Thaia Duó | Revista FH

Mobilidade nos hospitais: da implementação aos deafios e riscos

A mobilidade complementa a relação médico-paciente, otimizando-a em diversos casos, mas jamais em detrimento da qualidade do atendimento.

O projeto Saúde Business School, da revista FH (antiga Fornecedores Hospitalares), de 2012, aborda o tema: Tecnologia da Informação em Saúde. A iniciativa busca auxiliar as instituições do setor em sua gestão. Ainda que exista literatura sobre o tema, a nossa função é construir um manual prático para a geração de um ambiente de tecnologia hospitalar mais seguro, que auxilie e oriente às equipes na organização de seus departamentos de TI e na interação da tecologia da informação com os stakeholders.

 Em cada edição da revista FH contém um capítulo sobre o assunto, escrito em parceria com médicos, professores, consultores e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo para os leitores. Depois da circulação da revista, o Saúde Web disponibilizará, gradualmente, os conteúdos.
No mês de novembro, o capítulo foi sobre: mobilidades nos hospitais 

Introdução

1.1. Visão Geral

Esta é uma introdução à mobilidade em Saúde. Por ser um assunto amplo, serão destacadas as principais aplicações, benefícios e riscos na adoção deste tipo de tecnologia.

A mobilidade em Saúde ou M-Health, como é chamado em inglês, é a prática da Medicina ou da Saúde Pública com a utilização das telecomunicações, da utilização de dispositivos móveis tais como smartphones (celulares inteligentes), PDA (Assistente Digital Pessoal), tablets, notebooks ou netbooks ou, mais especificamente, coletores de dados e monitores.

Desta forma, a mobilidade implica em uma plataforma tecnológica rápida, robusta e confiável para transmissão de dados, imagens e voz, com o objetivo de dar resposta aos desafios da saúde, tais como acessibilidade, qualidade, velocidade e otimização de custos.

Quando começou a ser discutida de forma mais estruturada no início da década passada, o conceito de mobilidade na Saúde estava focado na telemedicina, que buscava aproveitar o avanço nas telecomunicações com o objetivo de comunicar médicos e pacientes separados fisicamente.
Esta plataforma poderia apoiar desde o diagnóstico até uma intervenção cirúrgica, passando pelo tratamento e acompanhamento do paciente, porém, com o rápido avanço das diversas tecnologias, este conceito se expandiu para o uso de qualquer recurso tecnologia móvel que possa apoiar a Saúde.

Nunca é demais lembrar que o objetivo principal de qualquer iniciativa no setor da Saúde é a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços e, no caso de mobilidade não é diferente. Graças à enorme dimensão dos serviços de Saúde, desde a prevenção até o tratamento de pacientes crônicos, diversas soluções tecnológicas para mobilidade vêm surgindo como resposta.

Por exemplo, o uso de smartphones (celulares inteligentes) por equipes de Atenção Primária para oferecer serviços a comunidades, leva a atenção continuada à Saúde diretamente aonde as pessoas vivem e facilita o acesso ao sistema de Saúde, além de possibilitar a manutenção das informações dos cidadãos.

A mobilidade complementa a relação médico-paciente, otimizando-a em diversos casos, mas jamais em detrimento da qualidade do atendimento. Além disso, possibilita uma maior proximidade do sistema de saúde com os cidadãos.

Este é um dos casos que evidencia como, com telefones celulares, a saúde móvel encontra uma plataforma viável. No caso do Brasil, o enorme crescimento do número de linhas de celulares vendidas representa uma boa oportunidade (…). Por Gustavo De Martini | especial para a revista FH
 

Saiba como contratar e reter líderes na Saúde

Em debate realizado pela IT Mídia, executivos concluem que para se ter sucesso na contratação é preciso ter claros a missão e valores da empresa. Além disso, investir em treinamento também é aspecto importante.

Os desafios da mão de obra na saúde são os mesmos em toda a cadeia, seja para contratar, reter ou capacitar as lideranças tanto da área administrativa quanto assistencial. Em debate realizado pela IT Mídia na manhã desta terça-feira (18), conclui-se que é preciso ter a missão da empresa bem definida para então buscar o profissional adequado.

De acordo com o debatedor Luis Vitor Salomão, sócio proprietário do Laboratório Salomão & Zoppi, o valor da companhia é ponto fundamental para definir o perfil ideal do gestor que se pretende contratar. “Os processos de profissionalização quando falham é porque o talento que veio não incorporou os valores e o espírito da empresa. Por isso é importante traçar os valores e a missão da sua empresa antes de traçar o perfil do indivíduo”, aconselha.

Mais do que ter o valor da empresa como ponto fundamental para definir o perfil do gestor que se busca, é preciso entender que o profissional que teve sucesso em determinada instituição pode não ter o mesmo resultado ao assumir um cargo de liderança em outra entidade.

“A saúde é meio ingrata, porque nada lhe garante o sucesso em uma nova empresa. Por isso, o indivíduo tem que ter bom perfil e adaptá-lo ao valor da companhia. É preciso entender o funcionamento da empresa e não a empresa ter que se adaptar a ele”, considera Salomão.

Fica evidente que com a consolidação e formação de grandes grupos surge a necessidade de um caça talentos. Para Rodrigo Araújo, sócio-diretor sênior da Korn Ferry, também presente na mesa de debate, a indústria está mais atenta e capaz de desenvolver profissionais sob a óptica técnica. “Temos sido constantemente consultados para dar contribuição às instituições de saúde que vai além da formação técnica. Naturalmente acreditamos nessa capacidade de desenvolvimento das empresas, mas o grande diferencial ao pensar numa indústria em franca transformação é buscar entender quais as reais capacidades organizacionais que a indústria precisa para incorporar no seu processo no longo prazo”.

Araújo acredita que o modelo de gestão vai se transformar, porém os indicadores, os desafios de sucessão, as questões relacionadas a oportunidades que o mercado vai trazer vão continuar existindo.
“A mensagem clara é: as pessoas tem que se preocupar”, completa. Para ele, três dimensões importantes são chaves para ter sucesso num cenário que não se conhece: a capacidade de lidar com as suas incertezas; gestão de conflitos, no sentido de ideologias, visões e conceitos de compreensão do mundo; capacidade de se colocar na posição de um terceiro. “A área de saúde é um prato cheio nessas três dimensões, que serão muito demandantes”, diz.

O Hospital Sírio-Libanês, por exemplo, é uma das entidades que tem o apoio de consultorias.  Fabio Patrus Mundim Pena, superintendente de gestão de pessoas da instituição, diz ter separado alguns grupos para usar este tipo de serviço.  Quando a vaga é assistencial para função júnior o processo de recrutamento é realizado internamente por meio de competências claras. Já nas vagas mais seniores, como a de um diretor médico, o hospital ainda adota a prática de indicação.

“Embora ainda tenhamos esse hábito para funções mais importantes, reconheço que esse processo está mudando. As consultorias ajudam bastante, tem uma visão de mercado que a gente não tem. Às vezes pode valer a pena deixar de comprar na primeira loja”, ironiza Pena.

Ponto acadêmico 

“Rede é a palavra”. É com essa afirmação que  a debatedora e coordenadora do curso de especialização em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde da FGV, Libânia Paes, guia o seu discurso.

A questão de indicação profissional tem seguido um novo rumo, de acordo com ela. “Hoje o que as empresas procuram não é o profissional indicado em si, mas as pessoas que ele se relaciona. Ou seja, quando a companhia busca consultoria de caça talentos ela está comprando a rede de contatos”, pontua.

Para Libânia, a prática de indicação está se digitalizando, pois multinacionais passaram a contratar através de redes profissionais como Linkedin, por exemplo.

“Também temos o outro lado. Um monte de técnicos busca o curso da FGV para migrar para o lado administrativo. Tem oferta e profissionais, mas falta uma ponte de acesso que resulta na falha de encontrar líderes capacitados”, conta. Segundo ela, muitos profissionais na área assistencial tentam tal migração, mas não sabem como fazer e optam por cursos de gestão. “Mas a ponte não pode ser só acadêmica. Talvez falte programa de trainee sênior para quem está na área assistencial há muito tempo e quer saber como migrar para gestão”, sugere.

O futuro da mão de obra qualificada não pode ser diferente, conforme aponta Camila Malosso Quintana Torres, gerente geral da Unimed Coop. Central de Bens e Serviços: “Não tem escapatória, todo mundo vai ter que se especializar. Isso é regra de mercado de qualquer área. Essa questão de que eu contrato porque eu conheço tem uma tendência forte de diminuir e de se privilegiar os profissionais com perfil de competências comportamentais em detrimento das competências técnicas.” Por Thaia Duó.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Médicos e Planos de Saúde: uma delicada relação

"As operadoras de planos de saúde, por seus abusos e intransigência nas negociações com os prestadores de serviços, penalizam os beneficiários, daí a necessidade de intervenção imediata do poder público"


Em tempos de greve dos Correios, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária e outras categorias do funcionalismo público, os médicos de planos de saúde de todo o País iniciam uma greve, de pelo menos quinze dias, em defesa de reajuste médio de 50% na tabela de serviços e o fim das intervenções que consideram antiéticas, que as operadoras estariam exercendo para baixar os custos dos tratamentos prejudicando os pacientes.

A medida vem sendo anunciada desde o último mês de agosto, quando os médicos iniciaram negociações com as operadoras de planos de saúde a fim de alcançarem a melhoria nos valores pagos aos profissionais da saúde, em média de R$ 45,00 por consulta. Os médicos pretendem a criação de um indexador que permita o reajuste da tabela de serviços com a mesma periodicidade do aumento das mensalidades dos usuários. 

Apesar das inúmeras tentativas de se chegar a um acordo com as operadoras, muitos casos foram infrutíferos, mobilizando a categoria a radicalizar com a greve suspendendo os atendimentos eletivos. O protesto foi articulado por três entidades que representam a classe médica nacionalmente: Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Federação Nacional dos Médicos. 

A greve ocorrerá todo o País. Nos Estados do, Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Rondônia a paralisação ocorre em todos os convênios. Em outros oito Estados São Paulo, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina a greve será parcial, atingindo operadoras que não fecharam acordo. Já em sete outros Estados, Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins a categoria ainda irá decidir a forma da paralisação se total ou parcial. Somente nos Estados do Amapá, Ceará, Distrito federal, Pará e Roraima, não haverá greve face ao acordo firmado com as operadoras. 

A preocupação dos médicos, no entanto, não se limita aos valores defasados pagos pelas operadoras, mas em especial pelas chamadas intervenções antiéticas exercidas pelas operadoras.

Segundo a categoria, os planos de saúde impedem a realização de tratamentos de alto custo, abreviam internações e pressionam os médicos a adotarem medidas de contenção que ameaçam a eficácia do tratamento dos pacientes. 

Para o Conselho Federal de Medicina a saúde suplementar passa por grave crise de credibilidade, levando os pacientes beneficiários dos planos de saúde a se socorrerem do Sistema único de Saúde (SUS), onde as filas estão cada dia maiores. 

Com intuito de se evitar a falência do sistema de saúde suplementar, os médicos vão adotar a greve como forma de pressionar não só as operadoras para o atendimento das reivindicações, mas especialmente o poder público. O objetivo e que o poder público faça uma intervenção direta através de normativas que garantam a autonomia da relação médico-paciente, além do estabelecimento de um sistema de contrato com mínimo de garantias profissionais, e ainda o reajuste periódico na forma como são realizados os reajustes da mensalidade.

O Senado Federal já possui propostas de leis que regulamentarão as relações entre as operadoras e seus prestadores de serviços. Encontra-se tramitando a PLS 165/2001, que propõe entre outras medidas a redução das possibilidades de descredenciamento de médicos e instituições hospitalares, hoje realizados quase sempre sem qualquer aviso. A PLS 380/2011 apresenta a questão do reajuste que ora é reivindicado pelos médicos. Segundo o texto da norma, as mensalidades dos planos de saúde deverão representar melhoria dos honorários pagos os profissionais de saúde credenciados. Este projeto estabelece ainda que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estipule reajustes regulares para procedimentos e eventos em saúde cobertos pelas operadoras. 

Talvez o projeto de lei mais importante a ser apreciado pelo Senado seja sem dúvida o PLS 475/2011, de suma importância aos pacientes e médicos, pois aborda a necessidade de ser estabelecer os princípios éticos no atendimento aos usuários, de forma a determinar que as operadoras devam respeitar a integralidade das ações em saúde, de acordo com a segmentação contratada; a atenção multiprofissional e a autonomia e integridade física e moral das pessoas assistidas.

Mais uma vez as operadoras de planos de saúde, por seus abusos e intransigência nas negociações com os prestadores de serviços, penalizam os beneficiários, daí a necessidade de intervenção imediata do poder público para frear essas empresas que visam apenas os lucros e não a prestação da saúde suplementar de forma eficiente. 

* Sandra Franco é sócia-diretora da Sfranco Consultoria Jurídica em Direito Médico e da Saúde, do Vale do Paraíba (SP), especializada em Direito Médico e da Saúde, membro efetivo da Comissão de Direito da Saúde e Responsabilidade Médico- Hospitalar da OAB/SP e Presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde (ABDMS)
** Nina Neubarth é advogada, membro da Sfranco Consultoria Jurídica, especialista em Direito Público

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Epimed lança novo sistema de controle de infecção hospitalar

Tecnologia marca expansão da empresa para outras áreas da gestão clínica. O software apoia gestão de Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), obrigatória em todos os hospitais do País


Epimed Solutions lança novo sistema de controle de infecção hospitalar, que viabiliza o monitoramento e a análise detalhada de informações relacionadas à atuação das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), obrigatórias em todos os hospitais do país, conforme regulamentação da Anvisa. De acordo com a Epimed, a solução permite ao gestor redesenhar as estratégias de tratamento utilizadas no hospital. 

O lançamento do novo software de gestão de CCIH marca a expansão da empresa para outras áreas da gestão clínica.

O desenvolvimento da tecnologia incluiu a formação de uma parceria com o ILAS (Instituto Latino Americano de Sepse). O trabalho conjunto permitiu que as orientações do Instituto fossem incorporadas à ferramenta, recentemente adotada pela Rede D`Or São Luiz, no Rio de Janeiro, para o gerenciamento inteligente das CCIHs dos 12 hospitais da rede localizados na cidade.

Segundo a companhia, dentre os diferenciais do programa estão: a correlação de dados de infecção hospitalar com informações clínicas dos pacientes, a gestão integrada dos protocolos de sepse, bem como a prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica e de infecção relacionada a cateter intravascular.

“A ferramenta permite que os dados sejam acessados em tempo real, de qualquer dispositivo conectado à internet, como celulares, notebooks ou tablets, integrando-se também com sistemas hospitalares e laboratórios de microbiologia”, diz o diretor de pesquisa e desenvolvimento da Epimed, Marcio Soares. 

Atualmente a Epimed Solutions monitora dados assistenciais de cerca de 7.000 leitos de UTIs nacionais em mais de 300 hospitais públicos e privados. 

Por Saúde Web

Médicos e Planos de Saúde: uma delicada relação

"As operadoras de planos de saúde, por seus abusos e intransigência nas negociações com os prestadores de serviços, penalizam os beneficiários, daí a necessidade de intervenção imediata do poder público" 

Em tempos de greve dos Correios, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária e outras categorias do funcionalismo público, os médicos de planos de saúde de todo o País iniciam uma greve, de pelo menos quinze dias, em defesa de reajuste médio de 50% na tabela de serviços e o fim das intervenções que consideram antiéticas, que as operadoras estariam exercendo para baixar os custos dos tratamentos prejudicando os pacientes.

A medida vem sendo anunciada desde o último mês de agosto, quando os médicos iniciaram negociações com as operadoras de planos de saúde a fim de alcançarem a melhoria nos valores pagos aos profissionais da saúde, em média de R$ 45,00 por consulta. Os médicos pretendem a criação de um indexador que permita o reajuste da tabela de serviços com a mesma periodicidade do aumento das mensalidades dos usuários. 

Apesar das inúmeras tentativas de se chegar a um acordo com as operadoras, muitos casos foram infrutíferos, mobilizando a categoria a radicalizar com a greve suspendendo os atendimentos eletivos. O protesto foi articulado por três entidades que representam a classe médica nacionalmente: Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Federação Nacional dos Médicos. 

A greve ocorrerá todo o País. Nos Estados do, Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Rondônia a paralisação ocorre em todos os convênios. Em outros oito Estados São Paulo, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina a greve será parcial, atingindo operadoras que não fecharam acordo. Já em sete outros Estados, Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins a categoria ainda irá decidir a forma da paralisação se total ou parcial. Somente nos Estados do Amapá, Ceará, Distrito federal, Pará e Roraima, não haverá greve face ao acordo firmado com as operadoras. 

A preocupação dos médicos, no entanto, não se limita aos valores defasados pagos pelas operadoras, mas em especial pelas chamadas intervenções antiéticas exercidas pelas operadoras.

Segundo a categoria, os planos de saúde impedem a realização de tratamentos de alto custo, abreviam internações e pressionam os médicos a adotarem medidas de contenção que ameaçam a eficácia do tratamento dos pacientes. 

Para o Conselho Federal de Medicina a saúde suplementar passa por grave crise de credibilidade, levando os pacientes beneficiários dos planos de saúde a se socorrerem do Sistema único de Saúde (SUS), onde as filas estão cada dia maiores. 

Com intuito de se evitar a falência do sistema de saúde suplementar, os médicos vão adotar a greve como forma de pressionar não só as operadoras para o atendimento das reivindicações, mas especialmente o poder público. O objetivo e que o poder público faça uma intervenção direta através de normativas que garantam a autonomia da relação médico-paciente, além do estabelecimento de um sistema de contrato com mínimo de garantias profissionais, e ainda o reajuste periódico na forma como são realizados os reajustes da mensalidade.

O Senado Federal já possui propostas de leis que regulamentarão as relações entre as operadoras e seus prestadores de serviços. Encontra-se tramitando a PLS 165/2001, que propõe entre outras medidas a redução das possibilidades de descredenciamento de médicos e instituições hospitalares, hoje realizados quase sempre sem qualquer aviso. A PLS 380/2011 apresenta a questão do reajuste que ora é reivindicado pelos médicos. Segundo o texto da norma, as mensalidades dos planos de saúde deverão representar melhoria dos honorários pagos os profissionais de saúde credenciados. Este projeto estabelece ainda que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estipule reajustes regulares para procedimentos e eventos em saúde cobertos pelas operadoras. 

Talvez o projeto de lei mais importante a ser apreciado pelo Senado seja sem dúvida o PLS 475/2011, de suma importância aos pacientes e médicos, pois aborda a necessidade de ser estabelecer os princípios éticos no atendimento aos usuários, de forma a determinar que as operadoras devam respeitar a integralidade das ações em saúde, de acordo com a segmentação contratada; a atenção multiprofissional e a autonomia e integridade física e moral das pessoas assistidas.

Mais uma vez as operadoras de planos de saúde, por seus abusos e intransigência nas negociações com os prestadores de serviços, penalizam os beneficiários, daí a necessidade de intervenção imediata do poder público para frear essas empresas que visam apenas os lucros e não a prestação da saúde suplementar de forma eficiente. 

* Sandra Franco é sócia-diretora da Sfranco Consultoria Jurídica em Direito Médico e da Saúde, do Vale do Paraíba (SP), especializada em Direito Médico e da Saúde, membro efetivo da Comissão de Direito da Saúde e Responsabilidade Médico- Hospitalar da OAB/SP e Presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde (ABDMS)

** Nina Neubarth é advogada, membro da Sfranco Consultoria Jurídica, especialista em Direito Público 

Por Sandra Franco* e Nina Neubarth**

10 doenças mais comuns no mundo corporativo

Omint realiza pesquisa com 15 mil executivos e traz ranking de doenças mais comuns. Ansiedade é a que mais vem crescendo entre os profissionais que também sofrem com excesso de peso

A Omint, operadora de saúde voltada para o público AAA, produziu uma pesquisa para avaliar as condições de saúde dos executivos brasileiros. Com uma amostra formada por 15 mil profissionais entre média gerência e o alto escalão de grandes companhias com atuação no País, a companhia não apenas mapeou as principais enfermidades que afetam os executivos brasileiros, mas também os principais hábitos de vidas não saudáveis, que são os maiores responsáveis pelo aumento do risco cardíaco e desenvolvimento de doenças graves.

Os números mostram que 95,5%dos executivos brasileiros não mantém uma alimentação equilibrada no dia a dia, 44% são sedentários e 31,7% têm índice elevado de estresse. “Esses indicadores tem permanecido estáticos nos últimos 3 anos, embora boa parte deles revelem intenção de mudança de hábitos alimentares e inclusão de atividades físicas na rotina”, revela o diretor médico da Omint e coordenador do estudo, Caio Soares.

Ansiosos e acima do peso

Entre as patologias mapeadas pelo estudo, a ansiedade é a que apresentou maior crescimento entre os executivos avaliados pela operadora nos últimos três anos. Se em 2010 14% dos executivos avaliados apresentavam sintomas da doença, em 2011 esse percentual chega a 18,20%, crescimento de 24%.

“A ansiedade está associada ao estresse, que é um dos grandes vilões da saúde. Além de, por si só, agravar ou acelerar o desenvolvimento de doenças, também afasta da serenidade necessária para iniciar o processo de mudanças de hábitos. Não é fácil!”, explica Soares.

Também de acordo com o levantamento, o excesso de peso, reflexo direto da má alimentação e do sedentarismo, também é considerado um grave problema no mundo corporativo. Porém, os indicadores vêm se mantendo estáveis nos últimos três anos. Cerca de 38,6% dos executivos estão com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 25. Dentro desse universo, 18,99% são homens e 11,53% mulheres. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) pode ser considerada obesa uma pessoa que tem IMC acima de 30.

Doenças mais comuns

A pesquisa relevou também quais são as doenças mais frequentes entre os executivos brasileiros. A poluição e a manutenção inadequada do ar condicionado no ambiente corporativo colocou a rinite alérgica no topo do ranking. A doença atinge 29% dos executivos analisados. O segundo lugar é ocupado pela alergia de pele, atingindo 22,4% do total.

Confira o Ranking:

Patologias 2009 2010 2011  
Rinite 27,72% 28,31% 28,97%  
Alergia de pele 22,58% 22,32% 22,41%  
Dor no pescoço/ ombros 20,50% 19,65% 19,36%  
Excesso de peso 18,59% 18,49% 18,42%  
Dor de cabeça frequente 16,81% 16,74% 16,50%  
Ansiedade 14,77% 16,91% 18,19%  
Asma ou bronquite 13,35% 13,47% 13,47%  
Insônia 11,64% 11,07% 10,83%  
Colesterol alto 11,49% 11,58% 11,53%  
Dor crônica nas costas 9,85% 9,17% 8,52%  

Explicações sobre cada doença

Risco Cardiovascular

Entre os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, também avaliados pela pesquisa da Omint, uma boa notícia. Vem caindo progressivamente o percentual de executivos hipertensos. Em 2010 eram 10%. Passaram para 9,07% em 2011 e agora somam 8,15% do total.
Já os indicadores de diabetes e colesterol alto seguem estáveis. Atingem 2,3% e 2,04% da população avaliada, respectivamente.

Motivação para mudar

O desejo de mudança de hábitos também é avaliado pela pesquisa que concluiu que a inclusão de pelo menos uma atividade física na rotina é objetivo de 37,7% dos executivos e 44%, ainda que não tenham tomado nenhuma iniciativa, tem “pensado muito” no assunto.

Quando o assunto é alimentação saudável a pesquisa detectou que 26,1% dos executivos avaliados já estão tomando providências e adotando um cardápio mais saudável no dia a dia, enquanto que 39% pensam constantemente sobre o assunto.

Já no caso do tabagismo, os dados são animadores. Realizado há 7 anos, a pesquisa da Omint apontava em 2004 cerca de 18% de fumantes entre os executivos. Em queda gradual desde então, hoje os fumantes não passam de 12%. E a tendência é de queda ainda mais acentuada. “Entre as mudanças de hábitos, parar de fumar é uma inciativa fundamental para quem almeja vida longa saudável”, diz Soares.

Soares ressalta, ainda, que  a adoção de hábitos de vida saudáveis deveria ser uma preocupação de primeira ordem para empresas e seus colaboradores. “As pessoas hoje têm consciência do risco que correm com os hábitos de vidas não saudáveis, mas conforme nosso estudo comprova, isso não é suficiente para a mudança de comportamento. Elas precisam de estímulos contínuos para mudança de estilo de vida”, afirma.

Por Saúde Web

Como contratar e gerir o maior custo das empresas: o benefício saúde

Em artigo, advogada aponta que as empresas, apesar de contratarem o plano, ficam em um papel de coadjuvante e reféns do plano e da corretora que a representam

Recentemente, comprovei isso ao acompanhar meu marido em um procedimento cirúrgico ambulatorial. Passei horas brigando com o plano de saúde, até conseguir a autorização para cobertura do mesmo. Estávamos em um renomado hospital de São Paulo e, além de lidar com o estresse provocado pelo diagnóstico e pela ansiedade do procedimento, precisamos encarar também essa longa batalha para obter o que deveria acontecer natural e rapidamente.

Por se tratar de um plano coletivo, houve o envolvimento do RH da empresa do meu marido e da corretora na tentativa de solução da questão. Infelizmente, as tentativas foram infrutíferas e não foi possível a realização do procedimento na data e horário agendados. Marcamos para o dia seguinte e conseguimos a autorização do plano através da interferência de uma pessoa conhecida.

A justificativa do plano de saúde para a negativa de cobertura foi a de que não havia contratação com aquele hospital para o ambulatório. Em um plano coletivo, normalmente o beneficiário não tem contato direto com o plano de saúde, a relação é intermediada pela corretora, de quem se espera uma atuação eficiente e proativa.

Foi o que não aconteceu neste caso.

A corretora orientou meu marido a dar entrada no hospital pelo pronto socorro para uma cirurgia eletiva, quando deveria buscar solução junto ao plano de saúde. Ela poderia ser trabalhar pela negociação de uma internação, realização do procedimento em hospital dia, liberalidade do plano para pagamento do ambulatório, ou, até mesmo, nos sugerir outro hospital. Mas o que realmente aconteceu foi uma indicação errada.

Para aqueles que atuam na área de saúde, sabem que essa orientação foi uma tentativa de driblar o plano de saúde, e que só gerou desgaste e desperdício de tempo.

Nessas situações, o beneficiário do plano e seus familiares costumam assistir atônitos e passivos o desenrolar das tratativas e a apresentação das justificativas, sobre as quais não têm o menor conhecimento. A empresa, apesar de contratante do plano, fica em um papel de coadjuvante nesse cenário confuso e refém do plano que contratou e da corretora que a representa. Enquanto isso, os atores principais – plano, hospital e corretora – gastam o tempo em discussões intermináveis e inúteis, sob o enfoque do beneficiário.

Esse mercado tem legislação específica e a atividade dos planos de saúde é regulada e fiscalizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Em junho de 2012, segundo dados fornecidos pela ANS, a quantidade de beneficiários vinculados a planos coletivos superava 37 milhões, enquanto o número de vínculos a planos individuais estava próximo de 10 milhões.

Ou seja, as empresas, como contratantes dos planos, são a mola propulsora desse mercado. Entretanto, contratam algo que desconhecem e permanecem no papel de coadjuvantes.

A ANS, por sua vez, regula a atividade exercida pelo plano de saúde, mas não atua nos intermediários, prestadores e, muito menos, na empresa contratante. Entretanto, a sua atividade regulatória gera impacto em todos os players do mercado, especialmente na empresa.

Com o avanço da regulamentação do setor, o que se pretende é uma transformação, gerando um ciclo de valor no qual os usuários sejam mais conscientes, as operadoras de planos sejam gestoras da saúde, os prestadores de serviços, produtores de cuidado de saúde, e a ANS passe a regular para produzir saúde.

Entretanto, ainda estamos distantes deste ideal. As empresas têm muita dificuldade em fazer a gestão e promover a saúde de seus funcionários. Uma das principais razões é a confusão dos papeis dos diversos envolvidos no sistema de saúde suplementar, onde a doença continua sendo o foco. O negócio do plano de saúde é a cobertura financeira para tratamentos; as corretoras intermediam a relação entre o plano de saúde e quem os contrata, tendo como negócio a comercialização desses planos; médicos e hospitais trabalham, por sua vez, na sua grande maioria, com o tratamento da doença – deixando de lado prevenção e promoção de saúde.

As atuais necessidades da sociedade nos obrigam a desenvolver um novo olhar, quebrando paradigmas e alterando o nosso foco de atenção e atuação. Sem mudanças significativas no sistema, os custos com a saúde continuarão crescendo acima do nível aceitável para a sociedade, sem nenhum reflexo na qualidade assistencial ou satisfação do paciente. Há necessidade, conforme preconiza a ANS, de tornar o setor suplementar um ambiente de produção de ações de saúde nos territórios da promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos indivíduos, com o estabelecimento de vínculo entre profissional da área e beneficiários e, principalmente, responsabilização das operadoras pela gestão da saúde de seus favorecidos.

A sustentabilidade da saúde nas empresas tem sido tema de diversos debates com o objetivo de transformar essas empresas em protagonistas na saúde suplementar e torná-las mais atuantes no que se refere à promoção e manutenção da saúde de seus colaboradores, buscando como resultado a vantagem competitiva e a sustentabilidade dos negócios. Nesse sentido é fundamental que o RH das empresas conheça cada vez melhor o setor da saúde suplementar, seus atores e segmentos.

Vale a pena investir nesse conhecimento, refletir sobre a natureza das relações existentes, a atividade fim e o papel social de cada player. Com essa clareza é possível contratar e gerir adequadamente o segundo maior custo das empresas, o benefício saúde.

Milva Gois dos Santos é advogada e especialista, há 15 anos, na área de saúde suplementar, sócia da Borbonus e Santos Advogados Associados, formada pela Faculdades Metropolitanas Unidas – F.M.U, MBA em Direito da Economia e da Empresa pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/RJ, International Strategic Business Leadership pela Universidade de Ohio. Autora de diversos artigos. Co-autora do Capítulo “Health Business”, de “Doing Business in Brasil”, da Britcham Câmara Britânica de Comércio, foi Gerente Jurídica e de Relações Institucionais da Axismed Gestão Preventiva da Saúde S.A, advogada da Omint Serviços de Saúde Ltda., Sul América Seguros, de diversas empresas nacionais e multinacionais. Atuou em tradicionais escritórios de advocacia.

Por Milva Gois dos Santos*

CFM autoriza médico a cobrar honorário para acompanhar parto

Brasil hoje enfrenta uma epidemia de cesarianas e parecer deve ajudar a reverter esse quadro. A paciente interessada em ser acompanhada no parto por seu obstetra deverá pagar diretamente a ele um honorário.

 O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou parecer que permite aos obstetras conveniados aos planos de saúde a estabelecer e cobrar valor específico para acompanhar, presencialmente, as gestantes no momento do parto.

Atualmente, os planos de saúde são obrigados a assegurar o atendimento às gestantes, mas não que o parto seja feito pelo mesmo profissional que a acompanhou durante o pré-natal, conforme o conselho. Com o parecer, todas as etapas do pré-natal seriam cobertas pelo plano de saúde, sendo que para o parto, a paciente interessada em ser acompanhada por seu obstetra deverá pagar diretamente a ele um honorário específico.

Segundo o CFM, de posse do recibo, ela poderá pedir ressarcimento à operadora de plano de saúde ou a dedução do valor no imposto de renda. “O parecer salienta que acordos neste formato não caracterizam dupla cobrança, pois o médico receberá apenas da paciente. Outro ponto em destaque é que o entendimento é opcional. A gestante que preferir não contar com este tipo de acompanhamento terá seu parto realizado por obstetra plantonista em maternidade credenciada ou referenciada pela operadora sem o pagamento de qualquer valor extra”, diz o conselho.

A maioria dos profissionais credenciados aos planos não oferece a opção parto normal, apenas cesárea, sob o argumento de que a operadora paga o mesmo valor por ambos os procedimentos, sendo que o parto normal pode demorar até dez horas.

Para o conselho, o parecer pode funcionar como um instrumento importante para reduzir o número de cesarianas feitas no Brasil, “além de tornar mais transparente o relacionamento entre médicos e pacientes e estimular a melhora da cobertura oferecida na saúde suplementar às gestantes”.

“O Brasil enfrenta uma epidemia de cesarianas, sendo que muitas ocorrem pela impossibilidade dos médicos de ficarem disponíveis várias horas. Com essa nova orientação, se abre a possibilidade de que médico e a paciente acordem parâmetros de acompanhamento, o que pode resultar no aumento gradativo dos partos normais também na saúde suplementar”, argumentou o CFM.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2010, a taxa de partos por cesariana na rede privada e suplementar foi 82%. Na rede pública, chegou a 37%. Ambos os percentuais estão acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda de acordo com o CFM, não há impedimento ético para que obstetras vinculados aos planos de saúde estabeleçam regras específicas para garantir sua presença em todas as etapas do atendimento às gestantes, desde o pré-natal até o nascimento da criança. Os conselhos regionais do Paraná, Rio Grande do Sul e Espírito Santo já reconheceram anteriormente a prática, da cobrança do honorário, como ética, conforme o CFM.

Procurada pela Agência Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que está analisando o parecer do CFM sobre o assunto e orienta que as operadoras de planos de saúde garantam ao beneficiário o que foi contratado.

Por Agência Brasil | Paula Laboissière

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

“Problema do SUS é o abandono da gestão pública”

Para a professora e pesquisadora da FGV, Sônia Fleury, a ideia de integração entre o público e o privado se traduz em um sistema público que virará um financiador da área privada


Sônia Maria Teixeira Fleury: Doutora em Ciência Política, mestre em Sociologia e bacharel em Psicologia

Se as eleições fossem hoje e os candidatos do setor de saúde estivessem divididos entre Público e Privado, o voto da professora titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) da Fundação Getúlio Vargas, Sônia Maria Teixeira Fleury, provavelmente seria na primeira opção. “O que está acontecendo é uma terceirização geral não só da função gerencial, mas também da atenção, que é precípua do setor público”, afirma sobre a participação da iniciativa privada nas modalidades de PPP. Psicóloga de formação, Sônia teve sua trajetória marcada pela política e sociologia na área da saúde. Participou da Reforma Sanitária e passou pela Fiocruz. Sônia, conversou com a FH, por telefone de sua casa no Rio de Janeiro. Veja os principais trechos a seguir.

Revista FH: Estamos em ano de eleições municipais e Saúde é apontada pelos eleitores como um dos principais problemas em muitas cidades. Por outro lado, as campanhas atendem o pedido explorando ao máximo o assunto. Como você analisa a responsabilidade do cidadão nesse contexto?

Sônia Fleury:
Não falta participação da cidadania demandando. Acho que falta, por exemplo, possibilidade dela ser mais efetiva nas unidades de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) tentou a participação, mas no nível do sistema e, não, nas unidades. No máximo há uma ouvidoria ou assistente social e nada mais para que a pessoa faça valer sua vontade, as pessoas poderiam ter algum tipo de controle, isso poderia ser introduzido. Ademais, uma fiscalização maior também dos próprios conselhos em relação ao que está sendo feito e aos gastos com saúde, porque eles são poucos transparentes e pouco acompanhados pela população.

FH: Então, nesse caso, você acha que deveria ter mais ouvidorias dentro das unidades básicas de saúde?

Sônia:
Sim, se elas tivessem algum tipo de poder. Acho que as ouvidorias poderiam estar ligadas ao próprio sistema de promotorias para que elas tivessem efeito, porque só fazer uma reclamação na ouvidoria e não ter resultado também não adianta. É possível ter conselhos de moradores e profissionais que participem do controle social dentro das unidades, e não só nos níveis municipal, estadual e federal. 

FH: Uma das pesquisas que você coordenou é justamente sobre a inovação na gestão de saúde na esfera municipal. Onde o gestor de saúde de hoje pode inovar?

Sônia:
A pesquisa compara, no período de 10 anos, o processo de descentralização e inovação em três dimensões: social, que envolve a inovação com a sociedade, a gerencial e também a assistencial. Na primeira pesquisa, os resultados mostravam grande diferença entre estas três curvas. Havia muito mais inovação social- isto foi até um pré-requisito para a descentralização do SUS, ou seja, criação de conselhos e de algum tipo de participação e prestação de contas junto à sociedade- e havia menos inovação gerencial e menos ainda assistencial. Depois de 10 anos houve uma mudança e na área assistencial ocorreram muitos incentivos do governo com o Programa Saúde da Família, Saúde Bucal, entre outros. Estas inovações foram disseminadas no Brasil inteiro em nível municipal. Portanto, hoje, a questão mais séria é a gerencial. É a que aparece como a menos inovadora e entra como o maior problema. 

FH: Como você acha que os gestores poderiam mudar essa situação? Isso depende deles ou de alguma política de nível federal?

Sônia:
As duas outras dimensões, assistencial e social foram induzidas pelo poder central. Acho que a área gerencial mereceria o mesmo esforço. O que vemos, claramente, quando analisamos o perfil dos mais inovadores, e isso é mais do que orientação política ou este tipo de coisa, é que os mais inovadores, no geral, fizeram cursos específicos para administrar e gerir. Portanto, a difusão massiva de educação gerencial poderia ser feito por meio do próprio ministério. Acho que um convênio com outras áreas é possível. Da mesma forma que se fez um esforço massivo para incentivar programas como o PSF, que deram resultados, também deveria se fazer para a qualificação da gestão na área de saúde. Acho que é possível e deve ser feito tanto pelo próprio gestor quanto pela indução do nível regional ou central. 

FH: Entre os mecanismos de controle social estão os Conselhos Municipais de Saúde. Como você avalia o trabalho desses conselhos?

Sônia:
Os conselhos são para a gestão do sistema municipal e não para o serviço. Acho que deveriam existir as duas coisas, pois esses conselhos não têm capilaridade. Se eles existissem nos locais de atenção, poderiam receber mais informações, não só em relação ao sistema, mas também em relação às unidades. Acredito que os conselhos têm tido papel importante, principalmente em lugares onde há uma sociedade civil mais organizada, com mais consciência e capacidade de exercer a função de controle social. Claro que o Brasil tem diferenças enormes e há uma diversidade muito grande. O que se mostrou é que parte dos conselhos aprovou as contas dos orçamentos estaduais enquanto muito dos Estados não cumpriam o percentual legal da sua contribuição, então isso mostra que ele não tem cumprido plenamente as suas funções, apesar de serem interlocutores importantes da sociedade. Mas, muitas vezes, a própria autoridade governamental passa por cima do conselho, um exemplo é a tensão que está ocorrendo no Mato Grosso, em relação à contratação de OSS. O Conselho Estadual é contra e definiu uma norma contrária, mas o Executivo foi adiante. Portanto, nas decisões mais importantes, os governantes não querem passá-las pelo conselho. 

FH: Na sua opinião, o que tem, de fato, avançado na Saúde, na esfera Municipal? No projeto de municipalizar o SUS e levar mais acesso à saúde?

Sônia:
A municipalização avançou tanto em termos de qualificar gestores no Brasil inteiro quanto em difundir os programas e aumentar a cobertura e a atenção à saúde, mas acho que existem estrangulamentos enormes tanto na área de gestão quanto na de financiamento. Houve um recuo muito grande de financiamento por parte da União, e os estados burlaram a lei até quando puderam, incluindo gastos que não eram de saúde no percentual previsto por lei. Pois só agora tivemos uma regulamentação mais rigorosa (Emenda 29), que determina, claramente, o que é considerado gasto com saúde. Qualquer dado ou estatística mostra que cresceu a participação do município no financiamento público à saúde em relação aos outros dois níveis. Isso porque o problema ‘bate na porta’ do gestor municipal, inclusive com a judicialização.

FH: Você atuou no projeto da Reforma Sanitária Brasileira, que resultou no SUS. Mais de 20 anos depois, na sua opinião, quais são os entraves que impedem a universalização não só do sistema, mas também do acesso?

Sônia:
O investimento para ter uma rede homogênea espalhada pelo município é fundamental para permitir esse acesso. E nós tivemos e ainda temos muitos problemas de investimento. Mas há, claro, problemas de gestão do sistema, como aumentar a produtividade e, fundamentalmente, voltar a ter uma perspectiva de carreira pública e introduzir elementos inovadores de gestão sem precisar privatizá-la. É possível ter metas, cobrar e remunerar diferencialmente pelo que for cumprido no próprio setor público. Na minha opinião, o que está acontecendo é que há uma perspectiva por parte dos gestores de abandonar o setor público, como se exercer a função da saúde pública fosse problema, pois se acha que, comprando do setor privado, se eliminam os problemas de licitações, funcionalismo público e se pode fazer uma gestão mais eficiente. É possível fazer uma gestão mais eficiente dentro do setor público. Acho que um dos problemas do SUS é o abandono da gestão pública.

FH: Então, você acha que os gestores com as PPPs e OSS tendem muito a resolver os problemas via iniciativa privada, sendo que esse problema pode ser resolvido dentro do sistema público, com mecanismos da gestão pública?

Sônia:
Mecanismos de gestão que incorporem elementos modernos. Por exemplo, um contrato de gestão com base em metas não precisa ser um acordo com o setor privado. Pode-se fazer isso entre entes públicos, contratando o hospital ou posto de saúde com metas e repassar recursos com base nisso. Mas por que só fazer isso com o setor privado e com elementos mais modernos de gestão e de certa forma abandonar a gestão pública, sem melhorar os salários, a carreira e a cultura política e a qualificação do pessoal e optar pela saída do setor privado? Quando o mundo inteiro está vendo os resultados das PPPs, especialmente dessa modalidade que começou a ser introduzida na Bahia, com a construção do próprio hospital e depois com a gestão de contrato de 25 ou 30 anos, esse tipo conseguiu falir o sistema nacional de saúde inglês, que é um marco mais importante da história da saúde no mundo.

FH: Você pode comentar mais sobre este modelo na Inglaterra?

Sônia:
Lá não só existiu o modelo, como foi um desastre e faliu o sistema. Porque se faz um contrato de 25 anos para a construção do hospital e depois equipar e em seguida ter gestão do serviço. Não é essa a modalidade de OSS, em que o governo investe, faz o serviço público e entrega ao privado para gestão- modalidade comum em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tanto na Inglaterra como em Portugal isso hoje é considerado o grande problema, pois se supunha que essa modalidade iria trazer mais recursos para o setor público, seria mais eficiente e gastaria menos recursos na área de saúde e, além disso, seria mais flexível, porque o setor público é muito inflexível. Porém, o feitiço virou contra o feiticeiro, porque agora, no meio da crise europeia, por exemplo, não há flexibilidade para mudar esses contratos. Como cortar gastos de saúde com um contrato que não pode ser rompido? Portanto, a aparente flexibilidade se transformou em uma enorme inflexibilidade. Outra coisa é que os acordos são feitos com uma estimativa de preços, isso em um setor em que é muito difícil estabelecer valores por prazos tão longos, pois é um dos que mais incorporam tecnologia. Então, há uma série de inconvenientes nessa relação. Uma das coisas que levantei é que, se na Europa, a PPP tem tido uma enorme lucratividade para os bancos que foram os financiadores, no Brasil quem financia é um banco público, o BNDES. Portanto, essa ideia de uma enorme injeção de recursos é um pouco falsa em um País onde o próprio setor privado depende enormemente de financiamento público. 

FH: Então você é contrária ao modelo de integração público-privada ou contrária a este modelo específico de PPP e favorável a um modelo de OS, por exemplo?

Sônia:
No Rio de Janeiro, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que se o governo resolver usar o modelo de OSS, os funcionários serão de carreira (públicos). Então, independente de gestão ser ou não terceirizada, o funcionário que atende à população não será o terceirizado. Mas o que está acontecendo é uma terceirização geral não só da função gerencial, mas também da atenção, que é precípua do setor público. Essa suposta integração é uma ideia de que o setor público virará simplesmente um contratador e o SUS será um financiador da área privada. Isso deve ser muito bom para a área privada, que sempre viveu no Brasil em torno de benefícios e subsídios do setor público. Desde sua criação, incentivado fortemente durante o Regime Militar, o privado não surgiu espontaneamente e, sim, por política pública, com financiamento e contrato com setor público. Agora, este setor quer continuar se beneficiando e quer que o SUS se transforme no verdadeiro comprador de seu serviço. 

FH: O SUS é inspirado em modelos europeus e tem como pano de fundo o Estado de Bem Estar Social. Você citou a Inglaterra, que por causa das PPPs e diante da crise econômica está falindo um sistema que é tido como exemplo.

Sônia:
Inclusive porque os hospitais privados de PPPs terminaram com o custo de atenção maior do que os públicos. As expectativas de que isso seria a solução saíram pela culatra. 

FH: Na sua opinião, a participação da iniciativa privada é uma espécie de ameaça para esse modelo de universalização?

Sônia:
Sempre existe a participação, mas a questão é saber se esta participação está canalizando os recursos públicos para o setor privado ou se ela traz o benefício para o bem estar público. Isso depende muito do tipo de relação que se estabelece. Por exemplo, no sistema público do Canadá, os médicos de consultórios são privados, mas, desde que estejam subordinados a uma lógica que é pública, tudo bem. No Brasil, o que se pensa em geral é o contrário, ou seja, é subordinar a lógica pública à dinâmica do mercado privado. Por exemplo, é possível ter PPPs na área de saúde com o desenvolvimento de medicamentos e tecnologia, mas por que a atenção à saúde, que é prioridade da função do Estado como bem estar público, deve ser atribuída a um contrato com privado? Qual é a vantagem disso? Não há prova das vantagens para o bem estar público. 

FH: Mas a própria questão do sistema universal na Europa é complicada, pois a população envelheceu e é preciso financiar saúde e previdência para um contingente gigante e o Estado está quebrando por conta da crise.

Sônia:
O Estado está quebrando porque está financiando banco. Se ao invés de financiar banco, financiasse saúde e previdência, não teria problema. Os recursos foram desviados desde os Estados Unidos, onde começa a crise, para salvar os bancos que especularam, sem controle do Estado, na área de habitação, financiamentos habitacionais e o subprime. O que aconteceu é que recurso público do Estado foi usado para tampar os buracos dos bancos e isso também ocorreu na Europa. Portanto, na verdade, não é o envelhecimento da população o problema, é a falta de regulação do Estado sobre o capital financeiro, que hoje o domina. Enquanto nós estivermos nessa situação, não haverá dinheiro para o bem estar social. Agora, se o dinheiro usado para salvar os bancos e resolver o sistema bancário no mundo fosse usado para o sistema de saúde, não estaríamos com problema algum.

FH: Você é psicóloga de formação, o que te chamou atenção para escolher o caminho da medicina social e políticas públicas?

Sônia:
Me formei psicóloga trabalhando com psicologia social. Então, não era trabalhar com indivíduos e, sim, com grupos em instituições. Desde essa época estou ligada à saúde, mais especificamente, com representações sociais em saúde e doença. A ideia da política no sistema de saúde sempre foi uma preocupação, portanto foi uma trajetória natural buscar a compreensão maior da dimensão política e sociológica.

Por Maria Carolina Buriti | Revista FH

Pixeon Medical Systems lança aplicativo de diagnósticos radiológicos

A ferramenta Reconhecimento de Voz transforma laudo ditado em documento transcrito, agilizando diagnósticos médicos

A Pixeon Medical Systems acaba de lançar o Reconhecimento de Voz (RV), aplicativo para o RIS (sigla em inglês para sistema de informações radiológicas), que agiliza diagnósticos médicos mais precisos, já que o médico dita o laudo, que é convertido automaticamente em documento digitado.

Antes do RV, o médico precisava gravar a narração do laudo, que era enviada à equipe de digitação. Após a transcrição, o laudo voltava ao médico para que ele fizesse as correções necessárias e assinasse. “Hoje, o médico revisa na hora e assina eletronicamente. O laudo fica pronto imediatamente”, ressalta Roberto Ribeiro da Cruz, CEO da Pixeon Medical Systems, em comunicado. 

Outra vantagem, segundo a empresa, é a redução de custos, já que a etapa de digitação foi eliminada. “O cuidado com a utilização de termos científicos e linguagem rebuscada, muitas vezes transcritos de maneira equivocada pela equipe de digitação, já pode ser deixado de lado. O RV tem conteúdo desenvolvido especificamente para radiologia”, explica Cruz. Além disso, a instalação não necessita de servidor dedicado. “O treino de voz para o médico é de dois minutos e o RV está pronto para utilização”, destaca o CEO.

A companhia é resultante da fusão entre as empresas Pixeon e Medical Systems, consolidada em agosto de 2012. A nova organização possui sedes em Florianópolis (SC) e São Bernardo do Campo (SP), com unidades de negócios distribuídas pelo País. No total, são mais de 1200 clientes nas soluções de digitalização, armazenamento e distribuição de imagens médicas, e de informatização dos principais processos de operação de um centro de medicina diagnóstica.

Por Saúde Web.

Dados corretos x custos menores

Cuidar bem do paciente é também cuidar bem da conta dele. Tal conscientização parece ser fundamental para que o profissional da área clínica se comprometa a preencher de forma correta os dados do doente no sistema 


A premissa de qualquer hospital é cuidar bem do paciente, e, segundo o analista de sistemas e informações do Hospital Mãe de Deus, Juliano Jorej, fechar a conta de forma correta faz parte da qualidade assistencial do hospital do Rio Grande do Sul.

Durante painel sobre indicadores do MV Experience Fórum, o executivo fez um apelo aos profissionais da área clínica para a consciência do preenchimento dos dados corretos nos sistemas de gestão. “O dado correto culmina na construção de uma decisão correta”, diz Jorej.

O processo para a tomada de decisão segue a seguinte ordem: Dado – Informação – Conhecimento – Inteligência – Decisão. É unânime entre os administradores hospitalares de que ferramentas de BI são fundamentais para a integração dos dados de todas as áreas hospitalares.

O Hospital Meridional, do Espírito Santo, por exemplo, informatizou todos os processos e, estes, são transmitidos por meio de painéis para áreas como Atendimento, Enfermagem, PS, Internação, CTI, Ambulatórios, Farmácia, Financeiro, Manutenção, etc.

“Dessa forma podemos acompanhar os processos de forma rápida e visualizar o que estiver pendente como raios-x, exames laboratoriais, entre outros”, afirma o diretor clínico e de qualidade do hospital meridional, Maurício Velasco.

Apesar do planejamento estratégico e o estabelecimento de metas serem de responsabilidade da diretoria da instituição, Velasco acredita que aos objetivos devem ser difundidos para todo o corpo clínico.

O comprometimento dos funcionários no preenchimento dos dados no sistema e o monitoramento dos indicadores convergem em uma eficiente gestão financeira, ou seja, na rápida entrega  de contas para as operadoras, redução do prazo médio de faturamento, redução no nível de glosas e do faturamento indevido.

Por Saúde Web.

Logimed reduz custos na gestão de suprimentos médico-hospitalares

Segundo o presidente, Alexandre Dib, o modelo da companhia permite maior controle dos estoques e melhoria no tratamento das informações


Pertencente ao Grupo Andrade Gutierrez, a Logimed desponta no setor de saúde com expertise em gestão de suprimentos médico-hospitalares desde a compra, armazenagem e distribuição. Com objetivo claro, a companhia concentra-se na meta de reduzir os custos de todas as etapas envolvidas no processo, a uma média de 30%. 

“Como consequência disso, oferecemos melhorias na eficiência”, ressalta o presidente, Alexandre Dib, enfatizando o pioneirismo da Logimed no serviço. 

Segundo o executivo, o modelo de gestão da companhia permite maior controle dos estoques, melhoria no tratamento das informações, o que contribui para a melhor qualidade na tomada de decisão do gestor. 

Durante o Saúde Business Forum, mais de vinte reuniões de negócios foram feitas. “Esperamos que essa boa primeira impressão seja traduzida em negócios valiosos para a Logimed. Nossa meta é crescer, nos próximos anos, de forma robusta e consistente”, diz.

*Logimed patrocinou o Saúde Business Forum 

Por Verena Souza

Planos de Saúde poderão fornecer Cartão SUS

Medida visa facilitar o ressarcimento das operadoras ao SUS. Os planos têm até o dia 6 de junho de 2013 para cadastrarem os usuários não identificados e informar os números dos cartões do SUS


As operadoras de planos de saúde vão poder fornecer o número do Cartão Nacional de Saúde (CNS) aos beneficiários que ainda não possuem o registro. A medida, anunciada nesta terça-feira (6) pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tem como principal objetivo facilitar o ressarcimento das operadoras ao Sistema Único de Saúde (SUS). Pela lei, os planos devem fazer o reembolso quando seus usuários recebem tratamento no SUS. Em 2011, o Ministério da Saúde recebeu um recorde de ressarcimento, R$ 82,8 milhões.

 Com a iniciativa, as operadoras terão acesso ao Sistema de cadastramento de Usuários do SUS (CadSUS) na internet, que permite a geração do CNS. Com isso, as operadoras poderão consultar se seus beneficiários já possuem registro, além de fazer alterações de dados de beneficiários e fornecer números para a emissão de novos cartões. 

Pela Resolução Normativa 295, da ANS, as operadoras têm até o dia 6 de junho de 2013 para cadastrarem os usuários não identificados e informar os números dos cartões do SUS.

Para o cidadão, a identificação via Cartão SUS vai possibilitar o registro eletrônico de saúde nas bases de dados dos hospitais públicos e privados. Além disso, o registro será feito nos planos de saúde, contribuindo, segundo a ANS, para a continuidade qualificada da assistência recebida.

“Além de facilitar o acesso ao cartão – já que o cidadão não precisará mais ir a uma unidade de saúde para obter número – a iniciativa irá acelerar o processo de devolução dos recursos ao SUS”, observa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo ele, várias medidas adotadas pelo Ministério da Saúde resultaram em um aumento significativo desse ressarcimento, de R$ 15,42 milhões – em 2010 – para R$ 82,8 milhões, em 2011. “Com o número do cartão haverá mais facilidade em identificar o usuário”, afirmou o ministro.

A ferramenta foi desenvolvida pela equipe do DataSUS e a ANS ficará responsável pela distribuição dos usuários e das senhas para as 1.586 operadoras cadastradas. As operadoras poderão consultar se seus beneficiários já possuem registro no cartão, além de fazer alterações de dados de beneficiários e emitir novos cartões.

Atualmente, existem no Brasil cerca de 48 milhões de usuários de planos de saúde. A medida deverá beneficiar cerca de 17 milhões de usuários que não foram contemplados pela entrega dos 31 milhões de registros, em maio deste ano, e os futuros usuários de planos de saúde.

RESSARCIMENTO
Os atendimentos realizados na rede pública de saúde geram um conjunto de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) trimestral. As AIH são enviadas para a ANS que faz a comparação com seu cadastro de beneficiários. Os atendimentos de beneficiários de plano de saúde, realizados na rede pública, geram uma cobrança, por parte da ANS, para as operadoras. Os pagamentos efetuados para à Agência são repassados ao Fundo Nacional de Saúde (FNS).

Fonte: Agência Saúde – Ascom/MS