60% de todos os casos de câncer têm indicação para a terapia com radiação. Veja qual é a tendência dessa técnica de tratamento
Na década de 1960, apenas 39% das pessoas
com câncer sobreviviam cinco ou mais anos após o diagnóstico da doença.
Esse número subiu para 64% no fim dos anos 90 e continua em ascensão,
segundo dados da literatura. As técnicas atuais de tratamento do câncer
resultam na cura de mais de 60% dos pacientes.
Atualmente, as pessoas diagnosticadas com câncer e tratadas não só
vivem por mais tempo, mas conseguem viver melhor, segundo o médico
Robson Ferrigno, rádio oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein
e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT). “O
diagnóstico precoce aliado ao tratamento adequado aumenta
significativamente as chances de cura e a sobrevida”, diz o especialista
em comunicado.
Uma das técnicas mais recomendadas para tratar o câncer, a
radioterapia é responsável pelo sucesso do tratamento de grande parte
dos pacientes. A técnica é necessária para tratar 60% de todos os casos
de câncer, inclusive os mais prevalentes da população brasileira:
próstata e pulmão, entre os homens, e mama e colo uterino, entre as
mulheres. Ela pode ser administrada isoladamente ou ser combinada a
outros tratamentos, como a quimioterapia e a cirurgia.
As células tumorais, mais sensíveis à radiação do que as células
sadias podem ser destruídas com a radioterapia ou ser impedidas de se
reproduzir, interrompendo a progressão do câncer. O tratamento é
realizado pelos aceleradores lineares, equipamentos que produzem
radiações terapêuticas invisíveis e indolores para atingir uma camada
específica do corpo.
“A percepção de que a radioterapia é apenas um tratamento paliativo
não corresponde à realidade. Casos de câncer de laringe, colo uterino,
próstata e pulmão, em estágio inicial, podem ser totalmente curados
utilizando apenas a radioterapia,” afirma Ferrigno. Segundo o médico, a
radioterapia também pode ser utilizada após a cirurgia de retirada do
tumor para evitar que o câncer reapareça. Em uma parte dos casos, ela é
administrada em combinação com a quimioterapia.
No caso do câncer de mama, pacientes submetidas à cirurgia que
preserva a mama (conservadora) para retirada do tumor possuem 30% de
chance de o câncer retornar. Com o uso da radioterapia após a cirurgia,
esse índice cai para baixo de 5%. Outro exemplo é o sucesso da
radioterapia em pacientes com câncer de próstata em estágio inicial e
localizado, cujo índice de cura proporcionado pela radioterapia gira em
torno de 90%, igual os resultados obtidos com a cirurgia. Já no câncer
de colo uterino, a taxa de cura com radioterapia exclusiva gira em torno
de 60% a 90%, dependendo do estágio da doença.
Aparelhos de última geração reduzem os efeitos colaterais e melhoram a qualidade de vida
A radiação tem sido utilizada com sucesso no tratamento de pacientes
por mais de 100 anos. Durante esse tempo, foram feitos muitos progressos
na segurança e precisão da radioterapia. Médicos especializados em
radioterapia adaptam cuidadosamente o tratamento para cada paciente,
visando o melhor resultado e minimizando os efeitos colaterais. Isso é
feito com a ajuda de softwares e equipamentos monitorados para garantir
que o procedimento seja realizado dentro dos protocolos de segurança e
eficácia.
Em geral, a radioterapia isoladamente acarreta poucos efeitos
colaterais, mas pode haver reações localizadas na área que recebeu a
radiação. Como as células sadias são menos suscetíveis à radiação, elas
tendem a se recuperar após as sessões do tratamento.
Ainda de acordo com Ferrigno, as últimas tecnologias em radioterapia
aumentam a precisão ao tratamento, além de reduzir os efeitos
colaterais. É o caso da radioterapia de intensidade modulada (IMRT), uma
técnica que libera doses variadas de radiação conforme a região que o
médico quer atingir. “O IMRT, já disponível em alguns centros de
excelência no Brasil, diminui a toxicidade do tratamento e as sequelas
tardias.”
Outra tecnologia já disponível no Brasil e em fase de expansão é a
radioterapia guiada por imagem (IGRT). Imagens tridimensionais do tumor
são geradas por máquinas ultramodernas, capazes de direcionar os feixes
de radiação para o ponto exato onde se localiza o câncer. Com isso, é
possível aumentar a dose de radiação nos pontos críticos. “O alvo é
atingido com muita precisão e a radiação é enviada de forma precisa em
direção ao tumor, poupando ao máximo os tecidos sadios,” explica o
presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT). Segundo o
médico, a técnica também permite verificar os movimentos do corpo do
paciente ao respirar, de maneira a manter o feixe de radiação apontado
todo o tempo apenas para o tumor.
Acesso à radioterapia no Brasil
As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que em
2012 ocorrerão cerca de 520 mil novos casos de câncer no Brasil.
Portanto, 312 mil brasileiros terão indicação para radioterapia este
ano. Entretanto, 90 mil pacientes deixarão de receber o tratamento
devido à defasagem no número de serviços de radioterapia no País.
“Em relação às recomendações da Organização Mundial da Saúde e as
estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil tem uma
carência de aproximadamente 140 aparelhos de radioterapia no Sistema
Único de Saúde (SUS). Atualmente, o país conta com aproximadamente 230
aceleradores lineares, atendendo apenas 66% da demanda,” alerta o
presidente da SBRT.
Outro problema sério enfrentado pelo
brasileiro que depende do tratamento é a fila de espera para a
realização da terapia, que tem sido, em média, de quatro meses. Essa
demora na realização da radioterapia implica diretamente na diminuição
das chances de cura. Por Saúde Web.
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