Especialista fala sobre o perigo de
falsas OSs e OSCIPs, que visam exclusivamente abocanhar uma fatia de
“novos negócios na saúde pública”.
Este País parece mesmo destinado à prosperidade. Possui 48% da área
de toda a América do Sul e tem 50,3% da população dessa região (mais de
190 milhões de brasileiros). Como se ainda não bastasse, tem 54,7% do
PIB sul-americano. Só o Estado de São Paulo tem um PIB maior do que o
argentino, e o do Rio de Janeiro é maior do que o do Chile. Nosso
Brasil, definitivamente, cresce a passos largos.
Mas é ingenuidade pensar que todos os atores da saúde agem com as
melhores intenções assistenciais, sem pensar em receitas, despesas,
custos, lucros e sustentabilidade. Logo, o papel da administração
profissional é cada vez mais imprescindível às organizações
hospitalares. As técnicas de gestão de risco, acreditação, logística,
cadeia de suprimentos, finanças, planejamento, entre outras, exigem que
o hospital privado ou público, de qualquer esfera, esteja atualizado
sobre todos esses temas.
Assim, seus gestores precisam se preocupar com uma administração
moderna; conhecer o mercado e suas assimetrias; relacionar-se com as
pessoas e com os profissionais envolvidos na prestação de serviços;
procurar fontes de financiamento; saber o ambiente jurídico que as
envolve, os sistemas de informações, as estatísticas setoriais, as
técnicas de negociação e tantos outros aspectos, relevantes na direção
de um hospital.
Hoje as PPPs – Parcerias Público-Privadas, na área de saúde, viraram
linguagem comum no nosso meio. Tudo isso com um único objetivo:
gerenciamento racional com qualidade, capacidade de investimentos,
profissionalização, metas, controles, inclusive social, gerando
sustentabilidade e perpetuidade.
Existem entidades sérias, tanto privadas como sem fins lucrativos,
que estão interessadas em participar desses contratos, em função do
lucro justo ou para cumprir suas funções estatutárias e sociais – e o
fazem muito bem! Por outro lado, parece existir um verdadeiro berçário
de falsas Organizações Sociais (OSs) e/ou Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público (OSCIPs), as quais produzem e registram
estatutos, com diretores e artigos duvidosos e, que se cadastram em
órgãos legais, visando exclusivamente abocanhar uma fatia de “novos
negócios na saúde pública”, sem a preocupação real com a gestão
profissional. Tais entidades podem representar um perigo real ao gestor
público mas, sobretudo, geram sérios danos à sociedade em geral.
Também existem prestadores de serviços de infraestrutura hospitalar
– das áreas de esterilização, coleta de resíduos sólidos, higienização,
segurança, nutrição, lavanderia, manutenção predial e de equipamentos,
engenharia clínica, entre outros – que estão se organizando em
consórcios, com objetivo de tomar para si esses contratos e prestar
seus serviços.
As lideranças políticas e os gestores terceirizados também precisam
observar princípios, que garantam uma assistência adequada e uma
evolução na qualidade de vida daquelas pessoas que buscam esse
atendimento. Essa nova forma de a sociedade acessar os serviços de
saúde é pluralista de pensamentos, mas precisa agir com gestão
profissional. Para isso, fundamentalmente, é necessário:
1. Estudar orçamentos e planilhas financeiras em bases realistas, inclusive, provisionando os valores de rupturas de contratos;
2. Fazer uma excelente gestão de pessoas, na qual se garanta que no quadro existam profissionais com comprovada habilitação e experiência;
3. Estabelecer um programa de qualidade que assegure uma assistência digna aos cidadãos e um sistema de informações gerenciais, assistenciais e epidemiológicas;
4. Ter metas e prazos claros, com auditorias permanentes, visando evitar desvios e obter o perfeito alcance dos resultados;
5. Minimizar os riscos de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato, com ajustes adequados e reajustes – tudo na forma da legislação vigente;
6. Criar uma operação eficiente e eficaz, que dê suporte aos atos médicos, de enfermeiros e dos demais profissionais de saúde;
7. Manter um plano diretor de obras que se coadune a um plano diretor de medicina.
Desta forma, as oportunidades para gestores profissionais de saúde e
consultores especializados são cada vez melhores. A maior demanda dos
hospitais tem sido por profissionais que auxiliem no diagnóstico
institucional, na formulação de soluções eficientes e na
operação/execução dessas diretrizes.
Por fim, somente gestores especializados em administração
hospitalar, associados a equipes multidisciplinares formadas por
engenheiros, arquitetos, médicos e demais profissionais, poderão dar
uma resposta eficaz às demandas atuais das nossas instituições de
saúde, uma vez que vivemos este momento único de prosperidade!
José Cleber do Nascimento Costa é
administrador hospitalar, com mestrado pela Universidade Mackenzie, MBA
pela FIA-USP, membro da Academia Brasileira de Administração
Hospitalar, vice-presidente de Gestão Administrativa da ABDEH –
Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar
(www.abdeh.org.br) e atual diretor geral do INDSH – Instituto Nacional
de Desenvolvimento Social e Humano (www.indsh.org.br).
Por José Cleber do Nascimento Costa.
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