quinta-feira, 5 de setembro de 2013

MOOCs serão grande sucesso no Brasil, mas não nesta década, afirma especialista


MOOCs serão grande sucesso no Brasil, mas não nesta década, afirma especialista

Para Carlos Longo, diretor de EAD da Universidade Positivo, cursos online abertos e massivos (Moocs, em inglês) não serão reconhecidos pelo MEC tão cedo

No dia 20 de agosto, durante o I Colóquio Pearson, o diretor de EAD da Universidade Positivo, Carlos Longo, ministrou a palestra “Cases brasileiros: o impacto das novas tecnologias no Ensino Superior”, durante a qual fez diversas referências ao movimento da EAD que está acontecendo no mundo – e observações de como esses fenômenos de traduzem na realidade política, econômica e tecnológica brasileira. No seu discurso na ocasião, ele também falou sobre a evolução da educação a distância no Brasil e analisou perspectivas da modalidade.


Em uma conversa exclusiva com o portal Guias de Educação, Longo discorreu sobre o futuro dos cursos online abertos e massivos (do inglês Massive Open Online Course – MOOC), sobre a decadência da UAB e o papel do MEC no estágio de desenvolvimento da EAD hoje no país.

Na sua palestra, você mencionou alguns marcos regulatórios do MEC que foram determinantes para a realidade atual da EAD brasileira. Poderia comentar isso?

O período de 2007 a 2012 foi marcado pela criação de um novo marco legal para o EAD e pela criação da área de supervisão de qualidade. O principal marco foi a portaria normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007 que, aliada à iniciativa do MEC em garantir a credibilidade e a qualidade da modalidade a distância, foi muito importante na época, pois estávamos vivendo uma crise de credibilidade com o mercado – principalmente com algumas associações de classe que não queriam reconhecer profissionais formados na modalidade.

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Embora não fosse a intensão do MEC ou da SEED [extinta Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação], na prática essas medidas também seguraram a expansão do ensino superior à distância, causando um atraso na autorização de novos cursos e do credenciamento de novos polos. Isso tem efeitos até hoje nos processos de autorização e credenciamento.

Por que, para você, a Universidade Aberta não decolou?

Na verdade não seria justo dizer que a UAB não decolou. Nos meus 15 anos trabalhando com EAD no Brasil eu sei como é difícil montar um projeto desses. O que se torna evidente quando olhamos os dados do Censo do MEC é que nos últimos três anos os números da UAB são surpreendentemente decrescentes, enquanto todo o mercado privado cresceu. Esses dados nos levam a pensar que esse modelo não está conseguindo atingir seus objetivos.

Ao mesmo tempo, o MEC vem comentando um projeto para criação de uma Universidade Federal exclusivamente a distância. O modelo da UAB não é um modelo clássico de universidade aberta, pois todo o processo de seleção, matrícula e integralização do curso é o de uma universidade formal. Na verdade, a UAB foi criada aos moldes de consórcio já existentes. Esses consórcios, com raras e boas exceções, são muito difíceis de lograrem êxito no longo prazo, pois envolvem esforços e dedicação de instituições de ensino superior públicas com diferenças muito grandes de recursos e de cultura para implementação de um modelagem a distância.

Em um recente congresso no interior da Bahia, o diretor de EAD de uma universidade estadual apresentou um trabalho mostrando que, apesar dos recursos existentes gerados pelo MEC para participação da universidade na UAB, a grande resistência do corpo docente estava atrasando essa inclusão da instituição. Esse é um exemplo do que acontece em um grande número de casos entre os membros da UAB.

Por que você acredita que os MOOCs (sigla em inglês para Cursos Online Abertos e Massivos) vão vingar apenas na próxima década no Brasil?Descrição: http://guiasdeeducacao.com.br/Adm/Upload/Arquivos/Frases%20Carlos%20Longo2.jpg

Os MOOCs e os OERs (Open Educational Resources) serão importantes para o Brasil nessa décadapara reafirmar a relevância e a qualidade da EAD. Eles estão sendo criados pelas mais prestigiosas instituições de ensino superior do mundo, como Stanford, MIT, Harvard, entre outras. Acredito que, ainda nessa década, cursos de educação continuada e pós-graduação no Brasil irão usar os MOOCs como recursos educacionais complementares. Porém a legislação vigente não permite dar crédito a esses cursos e conteúdos.

O MEC e o CNE (Conselho Nacional de Educação) não estão preparados para uma mudança tão radical no marco legal da educação superior do Brasil. Acredito que os MOOCs serão um grande sucesso no país, mas não vejo nos próximos anos, em minha opinião, eles sendo reconhecidos pelo MEC como créditos na educação superior. Mas acredito que na próxima onda eles serão parte integrante na formação de jovens e adultos no Brasil e no mundo.

Você acredita que experiências de fora podem ser adaptadas à realidade brasileira?

Eu não sou contra as experiências de fora. Muito pelo contrário. Mantenho um network internacional com o objetivo de realizar trocas para estar sempre aprimorando meus conhecimentos e os da minha equipe. Mas é muito simplista achar que inovações que acontecem no exterior são simplesmente copiáveis para obtermos os mesmos resultados no Brasil.

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No colóquio da Pearson, um membro da plateia perguntou ao palestrante Abdul Waheed Khan se a flipped class iria resolver o problema da qualidade da aula para o professor. O palestrante indiano respondeu com muita assertividade que não importa o modelo, o mais importante é capacitar o professor, seja para usar flipped class, seja para dar uma aula regular.

Ou seja: a inovação tem que estar contextualizada e devemos ser cautelosos para não criar uma parafernália de tecnologia de ponta que não agrega valor – para depois os críticos dizerem que esse ou aquele modelo não servem para o Brasil. Ao mesmo tempo temos muita coisa no país a ser copiada pelo exterior que nós mesmos não disseminamos internamente.

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