MOOCs serão grande sucesso no
Brasil, mas não nesta década, afirma especialista
Para
Carlos Longo, diretor de EAD da Universidade Positivo, cursos online abertos e
massivos (Moocs, em inglês) não serão reconhecidos pelo MEC tão cedo
No dia 20
de agosto, durante o I Colóquio Pearson, o diretor de EAD da Universidade
Positivo, Carlos Longo, ministrou a palestra “Cases brasileiros: o impacto das
novas tecnologias no Ensino Superior”, durante a qual fez diversas referências
ao movimento da EAD que está acontecendo no mundo – e observações de como esses
fenômenos de traduzem na realidade política, econômica e tecnológica
brasileira. No seu discurso na ocasião, ele também falou sobre a evolução da
educação a distância no Brasil e analisou perspectivas da modalidade.
Em uma
conversa exclusiva com o portal Guias de Educação, Longo discorreu sobre
o futuro dos cursos online abertos e massivos (do inglês Massive Open Online
Course – MOOC), sobre a decadência da UAB e o papel do MEC no estágio de
desenvolvimento da EAD hoje no país.
Na sua
palestra, você mencionou alguns marcos regulatórios do MEC que foram
determinantes para a realidade atual da EAD brasileira. Poderia comentar isso?
O período
de 2007 a 2012 foi marcado pela criação de um novo marco legal para o EAD e
pela criação da área de supervisão de qualidade. O principal marco foi a
portaria normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007 que, aliada à iniciativa do
MEC em garantir a credibilidade e a qualidade da modalidade a distância, foi
muito importante na época, pois estávamos vivendo uma crise de credibilidade
com o mercado – principalmente com algumas associações de classe que não
queriam reconhecer profissionais formados na modalidade.
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Embora
não fosse a intensão do MEC ou da SEED [extinta Secretaria de Educação a
Distância do Ministério da Educação], na prática essas medidas também seguraram
a expansão do ensino superior à distância, causando um atraso na autorização de
novos cursos e do credenciamento de novos polos. Isso tem efeitos até hoje nos
processos de autorização e credenciamento.
Por que,
para você, a Universidade Aberta não decolou?
Na
verdade não seria justo dizer que a UAB não decolou. Nos meus 15 anos
trabalhando com EAD no Brasil eu sei como é difícil montar um projeto desses. O
que se torna evidente quando olhamos os dados do Censo do MEC é que nos últimos
três anos os números da UAB são surpreendentemente decrescentes, enquanto todo
o mercado privado cresceu. Esses dados nos levam a pensar que esse modelo não
está conseguindo atingir seus objetivos.
Ao mesmo
tempo, o MEC vem comentando um projeto para criação de uma Universidade Federal
exclusivamente a distância. O modelo da UAB não é um modelo clássico de
universidade aberta, pois todo o processo de seleção, matrícula e
integralização do curso é o de uma universidade formal. Na verdade, a UAB foi
criada aos moldes de consórcio já existentes. Esses consórcios, com raras e
boas exceções, são muito difíceis de lograrem êxito no longo prazo, pois
envolvem esforços e dedicação de instituições de ensino superior públicas com
diferenças muito grandes de recursos e de cultura para implementação de um
modelagem a distância.
Em um
recente congresso no interior da Bahia, o diretor de EAD de uma universidade
estadual apresentou um trabalho mostrando que, apesar dos recursos existentes
gerados pelo MEC para participação da universidade na UAB, a grande resistência
do corpo docente estava atrasando essa inclusão da instituição. Esse é um
exemplo do que acontece em um grande número de casos entre os membros da UAB.
Por que
você acredita que os MOOCs (sigla em inglês para Cursos Online Abertos e
Massivos) vão vingar apenas na próxima década no Brasil?
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Os MOOCs
e os OERs (Open Educational Resources) serão importantes para o Brasil
nessa décadapara reafirmar a relevância e a qualidade da EAD. Eles estão sendo
criados pelas mais prestigiosas instituições de ensino superior do mundo, como
Stanford, MIT, Harvard, entre outras. Acredito que, ainda nessa década, cursos
de educação continuada e pós-graduação no Brasil irão usar os MOOCs como
recursos educacionais complementares. Porém a legislação vigente não permite
dar crédito a esses cursos e conteúdos.
O MEC e o
CNE (Conselho Nacional de Educação) não estão preparados para uma mudança tão
radical no marco legal da educação superior do Brasil. Acredito que os MOOCs
serão um grande sucesso no país, mas não vejo nos próximos anos, em minha
opinião, eles sendo reconhecidos pelo MEC como créditos na educação superior.
Mas acredito que na próxima onda eles serão parte integrante na formação de
jovens e adultos no Brasil e no mundo.
Você
acredita que experiências de fora podem ser adaptadas à realidade brasileira?
Eu não
sou contra as experiências de fora. Muito pelo contrário. Mantenho um network
internacional com o objetivo de realizar trocas para estar sempre aprimorando
meus conhecimentos e os da minha equipe. Mas é muito simplista achar que
inovações que acontecem no exterior são simplesmente copiáveis para obtermos os
mesmos resultados no Brasil.
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No
colóquio da Pearson, um membro da plateia perguntou ao palestrante Abdul Waheed
Khan se a flipped class iria resolver o problema da qualidade da aula
para o professor. O palestrante indiano respondeu com muita assertividade que
não importa o modelo, o mais importante é capacitar o professor, seja para usar
flipped class, seja para dar uma aula regular.
Ou seja:
a inovação tem que estar contextualizada e devemos ser cautelosos para não
criar uma parafernália de tecnologia de ponta que não agrega valor – para
depois os críticos dizerem que esse ou aquele modelo não servem para o Brasil.
Ao mesmo tempo temos muita coisa no país a ser copiada pelo exterior que nós
mesmos não disseminamos internamente.
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