quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Três maneiras de promover inovação em Saúde

Enquanto algumas organizações lutam para inovar no complexo cenário regulatório atual, outras usam as restrições para avançar

A inovação tecnológica foi o que levou inúmeros CIOs à decisão de buscar uma carreira em tecnologia de saúde. Mas nos últimos anos a questão mudou de “o que inovar” para “como inovar” – particularmente em um ambiente dominado por padrões regulatórios.

Pressões regulatórias e financeiras, combinadas com o objetivo de fornecer atendimento de qualidade, pode tornar o setor inerentemente difícil de inovar. No entanto, há um outro lado.

“Na saúde, muitas vezes são as mudanças regulatórios e as restrições que criam as oportunidades”, afirmou Elliot Menschik, o diretor da DreamIT Health, uma aceleradora de startups de TI em Saúde. “As leis geralmente mudam nosso comportamento. A área de Saúde é fortemente ditada pela lei, mas as regulamentações podem criar um caminho para novas entradas no mercado”.

O InformationWeek Healthcare, falou com quatro líderes em inovação da indústria para descobrir como alcançaram o sucesso nessa área que sofre tantas mudanças.

Promova uma cultura de inovação

A Intermountain Healthcare, empresa com sede em Utah e maior provedora de saúde da região, tem uma grande tradição na cultura de inovação, afirmou Fred Holston, CTO da companhia. Se uma organização enfatiza o valor da inovação através de todo o sistema, há uma maior possibilidade dos funcionários – de enfermeiras a médicos e profissionais de TI – falarem sobre ideias inovadoras. Na Intermountain, os médicos, enfermeiras e cuidadores fornecem esses insights. A inclusão e a colaboração são as chaves para promover a cultura de inovação.

Parte de criar uma cultura de inovação é fazer as questões corretas: O que é uma boa ideia? Qual é a hipótese? Como a testamos? Como descobrimos qual o alvo?

“Inventores precisam saber aonde ir e o que fazer para testar suas ideias”, explicou Todd Dunn, diretor de inovação da Intermountain. “É um sistema como o Six Sigma, mas completamente diferente pela lado da inovação”.

Os recentes sucessos inovadores da empresa incluem a integração de registros médicos de saúde durante um transporte aéreo dentro do sistema eletrônico de saúde (EHR, de Electronic Health Record) do departamento de emergência. Os registros médicos durante transporte aéreos não eram registrados anteriormente. Agora, a informação não é apenas transmitida para o EHR, como também incorporada dentro do análise de dados do Intermountain.

Forneça um espaço inovador separado das operações do dia a dia

A inovação é na maioria das vezes barrada pelas restrições financeiras e pode ser a primeira coisa a ser avaliada quando um departamento procura cortar despesas. Desenvolver um espaço inovador em separado pode proteger projetos desse tipo de limitações financeiras.

“Nesse ambiente difícil, é preciso separar a inovação e protegê-la de alguma forma”, disse Larry Stofko, vice-presidente executivo do Innovation Lab, da Innovation Institute, organização com sede na Califórnia com foco em inovação. “Algumas pessoas tratam estratégia e inovações como uma bagagem pesada em uma mudança. Quando surgem momentos difíceis, essas são as primeiras pessoas que ficam à margem”.

Empresas e organizações como a Healthcare Transformation Lab, da Intermountains, o Innovation Institute e o DreamIT têm essa abordagem e obtêm sucesso.

A Intermountain lançou seu Healthcare Transformation Lab em agosto. O laboratório é voltado inteiramente para inovação da saúde. Tem parceria com a Intel, Dell e Sotera Wireless, entre outros, para desenvolver a próxima interação de tecnologia de saúde.

“Na indústria de saúde, nosso trabalho é cuidar dos pacientes. Nosso foco é inteiramente em resultados positivos e algumas vezes isso não deixa muito espaço para pensar em outras coisas”, explicou Dunn. O objetivo é um laboratório devotado inteiramente para a inovação quebrar essa barreira.

O St. Joseph’s Health, com base em Califórnia, teve uma abordagem semelhante, investindo 40 milhões de dólares no Innovation Institute, um instituto sem fins lucrativos, composto por um laboratório de inovação, um grupo de desenvolvimento empresarial e um fundo de crescimento. O instituto é propriedade de sete sistemas de saúde sem fins lucrativos. O laboratório é uma incubadora de inovação onde a tecnologia é criada. O grupo de desenvolvimento trabalha com hospitais para aumentar a receita e fundo de investimento entre as empresas de inovação emergentes.

“St. Joseph’s ajusta a inovação fora da organização para garantir que estará protegida. A inovação deve ser colaborativa. Não deve estar em um planejamento estratégico ou em um departamento de marketing. Achamos que a inovação tem mais poder quando compartilhando entre as organizações”, explicou Stofko.

A DreamIT promove a inovação ao criar um espaço de treinamento para starups de tecnologia de saúde. Trata-se, essencialmente, de um acampamento de três meses para startups que buscam entrar no mercado.

As empresas selecionadas para participação são indicadas a um mentor, geralmente um empresário bem-sucedido de saúde. Recebem então assessoria contábil e jurídica gratuitamente e aprendem com os melhores currículos da área. O objetivo é encorajar a tomada de risco.

“É difícil ser uma startup em qualquer indústria, especialmente quando se vende dentro de empresas ao invés de produtos de consumo. Você lidará com grandes organizações que demoram para tomar uma decisão e comprar um produto”, explicou Menschik.

Empresas de saúde são especialmente avessas a riscos, o que dificulta ainda mais a entrada de startups. A DreamIT tem parcerias com a Independent Blue Cros Shild e University of Pennsylvania Medicine para construir uma fundação para relações entre corporações e startups.

Stat, uma startup que está desenvolvendo transporte ambulatorial não emergencial on-demand, participou do programa da DreamIT. É similar ao Uber, um app de serviço de taxi on-demand, mas para transporte médico. Tem como alvos os pacientes que estão tendo alta de um hospital ou para transporte para uma casa de repouso ou um centro de diálise. A DreamIT não apenas forneceu à Stat as fontes para construir o software para rede e para aplicativos móveis, como também ajudou a conectar a empresa com clientes no mercado da Filadélfia.

Monte uma equipe de liderança inovadora

Líderes que pensam à frente significa uma empresa comprometida com a inovação. “A liderança é uma peça muito importante. Mostra que não é apenas um projeto, mas algo que a empresa está disposta a investir em pessoal. É uma mensagem”, explicou Stofko.

O Innovation Institute trouxe os líderes de ponto do St. Joseph’s, incluindo seus antigos COO, CIO e vice-presidente sênior. Há cerca de um ano, a Penn Medicine contratou Roy Rosin como diretor para a área de inovação.

“Roy foi trazido em um espírito de pensamento inovador por toda a empresa”, explicou Michael Restuccia, o vice-presidente e CIO da Penn Medicine. “Reforça o conceito de inovação”.

A Penn lançou uma competição de inovação na organização chamada Your Big Idea (Sua Grande Ideia), aberta a todos os funcionários. Os funcionários submetem suas ideias de melhorias em atendimento ao paciente, reduções de custos e melhorias operacionais. As ideias vencedoras da competição de 2012 foi desde sistemas de agendamento on-line, até visita médicas e quiosques de tecnologia em clínicas ambulatórias para simplificar os registros e o check-in.

“É preciso ter um equilíbrio. Tem que haver uma porcentagem de esforços inovadores para manter as coisas caminhando e em equilíbrio com os esforços de execução e manutenção. Quando estrutura-se dessa forma, é possível continuar em conformidade com as auditorias e as regulamentações”, finalizou Restuccia.

* Por Alex Kane Rudansky, da InformationWeek Healthcare USA
** Tradução de Alba Milena, especial para o InformationWeek Brasil

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